Deputado defende que Minas Gerais mantenha o padrão nacional de educação que hoje é aplicado nas escolas de todo país; reunião de hoje aprovou 36 requerimentos para a educação.
Por unanimidade, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia aprovou nesta quarta-feira (13), um requerimento para a realização de audiência pública que discutirá o projeto Escola sem Partido. Com isso, a matéria sai de pauta para ser discutida junto à população, sindicatos e entidades ligas à educação. Em linhas gerais, o projeto determina que o professor não poderá promover suas ideologias, interesses políticos, opiniões, concepções nem preferências ideológicas, morais, religiosas politicas e partidárias. Na prática, ele intimida o aluno e também o professor, pois passa a analisar o discurso e a limitar a forma do conteúdo apresentado.
Para Betão, realizar uma audiência pública reforça o caráter democrático e endossa a necessidade de todos os envolvidos com a educação em Minas Gerais construírem uma escola mais democrática. Ele ressalta ainda que hoje, a educação segue padrões nacionais que não devem ser abandonados. “A constituição prevê que haja uma lei de diretrizes para o Brasil inteiro. Essas diretrizes são pensadas por milhares de trabalhadores da educação, por isso eu não posso concordar que Minas Gerais seja diferente. A discussão do projeto Escola sem Partido deve ser feita em outras esferas, trazendo os trabalhadores da educação para a discussão e ai sim definir uma diretriz única e democrática”, acredita.
Betão reforça ainda que a matéria, da forma como é apresentada, intimida alunos e professores, prejudicando o aprendizado. “Temos professores e professoras com concepções de direita e de esquerda, e assim eles colocam suas visões para os alunos e assim eles vão se moldando. E os próprios alunos vão questionando sobre determinados acontecimentos que ocorrem na sociedade. Temos que entender que temas como a morte da vereadora Marielle e a atual crise política do país serão sim levadas pelos próprios alunos para dentro de sala de aula, e que isso é saudável e independente de ideologias”, reforça.
Discussão ampliada
“Estamos levando o tema para várias escolas em todo país para a gente debater de fato o projeto Escola sem Partido, e os prejuízos que ele pode causar à educação em Minas Gerais”, relata a estudante e representante da União Brasileira de Estudante Secundaristas (Ubes),Daniela Nunes Moura.
Para a estudante do ensino fundamental, a provação do projeto é um retrocesso, que enfraquecerá os movimentos estudantis. “Muitos dos nossos direitos e das nossas lutas como por exemplo o passe estudantil e o voto aos 16 anos, foram conquistas dos movimentos estudantis, da classe da educação; movimentos esses que nasceram e foram feitos dentro das escolas. Falar em escola sem partido é, na verdade retroceder e amordaçar iniciativas como essas”, acredita.
“Mãe, educadora infantil e militante”, assim se define Ana Paula Ribeiro Costa. Ela também se diz muito preocupada com a possibilidade de Minas Gerais atuar com as diretrizes do Escola sem Partido. “Temo porque as discussões como o Escola sem Partido tem provocado o ódio entre jovens, que em sua maioria são usados e que não tem conhecimento do retrocesso que a iniciativa trará, alerta.
A professora também afirma que “o projeto não mostra nada de positivo e o que a gente vê hoje é uma divisão. O que eles querem pregar é que não tem partido em um espaço, mas eles já escolheram o que não pode ser feito. Na prática, essa modelo de escola quer ensinar o aluno como ele vai pensar e agir. Por isso é fundamental a gente encontrar uma maneira de conversar com a sociedade e explicar que o projeto não é a melhor opção.
Dia triste para a educação
Durante a reunião de hoje da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, aprovamos uma moção em solidariedade à Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), onde dois adolescentes entraram encapuzados e mataram oito pessoas, deixando 23 feridos. Após a reunião, foi feito minuto de silêncio em solidariedade às famílias das vítimas.