“Temos que estar juntos dos trabalhadores e das trabalhadoras de Minas Gerais nessa luta contra a proposta que retira autonomia do Ipsemg. Sou servidor do Estado, professor e agora como deputado, também contribuo. Mantenho as minhas contribuições porque sei da importância do Instituto”, disse Betão durante a audiência pública na ALMG, que discutiu a atual situação do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG).
O deputado chamou atenção não só para a situação do Ipsemg, mas também para a proposta de reforma administrativa apresentada pelo governador de Minas Gerais, que além de pregar o desmonte no Estado, penaliza ainda mais a classe trabalhadora. “Em fases de crise como as de agora, a ‘bomba sempre estoura’ para o lado do trabalhador”, pondera.
Betão lembrou ainda que “se o Estado aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, proposto pelo governo federal, ele deverá privatizar, congelar salários e não mais realizar concursos. Ou seja, quem pagará a conta serão os trabalhadores. Se isso aqui for aprovado, será um verdadeiro desastre a diversos setores, e também para o Ipsemg”, reforçou Betão.
O deputado falou ainda que a solução para manter o equilíbrio das contas em Minas Gerais e evitar medidas drásticas como as apresentadas é clara. “Temos é que cobrar a dívida das empresas com o Estado, e fazer um acerto de contas com a União, e não jogar para em cima dos trabalhadores”, disse lembrando que a discussão deve ser em torno de melhorias, como a autonomia do Ipsemg e a execução do plano de carreira dos servidores, aprovado pela categoria, e que precisa voltar para à ALMG.
Segundo artigo 30 da reforma administrativa apresentada pelo governo Zema, o Ipsemg sairia da subordinação da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, passando a responsabilidade para a Secretaria de Estado de Fazenda. A reivindicação dos servidores do Instituto é para a conquista da autonomia administrativa e financeira e não pela mudança. Os funcionários reivindicaram ainda a modernização dos hospitais da rede, a normalização dos pagamentos aos credenciados e também do atendimento ao usuário do interior.
Fortalecimento do Ipsemg
Servidora do Ipsemg há 40 anos e diretora institucional do Sindicato dos Servidores do Instituto, Antonieta de Cássia conta que tem visto de perto o desmonte da Instituição. “O Ipsemg sempre sofreu muito com outros governos, que ao longo dos anos vão tirando um pouco da estrutura dele. Ultimamente, levar a contribuição do para o caixa único do Estado agravou mais ainda a situação, porque na prática, ele recolhe dos servidores mas não repassa para o Ipsemg”, disse lembrando que nas cidades do interior, o impacto financeiro é maior. “Nossa esperança é que seja decretada a independência financeira a administrativa, complementa”, reforçou.
Anamélia Agostinha Alves, professora há 31 anos, conta que sempre usou o Ipsemg, mas que nos últimos anos, vê de perto a piora dos serviços. “O Ipsemg é uma maravilha, ele não pode acabar nunca”, disse lembrando que na sua cidade não há mais prestação de serviços, mas que na capital ela ainda consegue ser atendida. “Acabei de fazer uma cirurgia bariátrica, aqui em Belo Horizonte. Consegui por aqui, por que no interior não vale nada”, complementou.
Para Renato Campus, da Associação dos Empregados Públicos Estaduais da MGS, o problema pode ser ainda maior. Ele conta que há meses, alguns funcionários foram demitidos em função do corte orçamentário anunciado pelo governador, e que agora teme que essa medida também chegue aos servidores do Ipsemg. “Acredito que se aprovada, a reforma vai gerar mais demissões para empregados públicos (como da MGS), e sim poderá chegar aos servidores do Ipsemg, considerando as reformas administrativa que o governo Zema esta fazendo e a redução e os cortes em todos os órgãos” finalizou.