Estudantes, professores e trabalhadores de outras categorias foram às ruas da cidade nesta quarta-feira em defesa da educação e contra a reforma da Previdência
Nesta quarta-feira (15/05) uma enorme mobilização marcou a Greve Nacional da Educação em Juiz de Fora, e reuniu cerca de 50 mil estudantes, professores e trabalhadores de diversas categorias em um enorme ato em defesa da educação, contra os cortes anunciados pelo governo federal e contra a proposta de reforma da Previdência.
Para Betão, os cortes de verbas anunciados pelo Ministro da Educação e a “chantagem” estabelecida pelo governo federal que coloca o repasse de verbas como moeda de troca para aprovação da reforma da Previdência devem ser combatidos nas ruas, assim como toda a política do de desmonte da educação promovida pelo atual governo.”O povo está se mobilizando em todo o país, são milhões de pessoas marchando nas grandes, médias e pequenas cidades. Devemos lembrar que os cortes não são somente nas universidades, mas também na educação básica”, afirma.
O deputado lembrou também a luta contra a proposta de reforma da Previdência de Bolsonaro e suas consequências. “Nós temos que prestar atenção sobre o fato de essa reforma da Previdência estar sendo aplicada para atender aos interesses dos banqueiros e dos grandes acionistas, e que ela que vai atingir a juventude, os trabalhadores e aqueles que já estão aposentados. Temos que lembrar ainda de nunca desassociar essa luta da luta por Lula Livre, porque sabemos que ele foi impedido de concorrer às eleições para que esse projeto de governo que estamos vendo pudesse ser implementado”, conclui.
O ato, um dos maiores da história de Juiz de Fora, provou o tom de preparação para a grande Greve Geral que pretende parar o país no dia 14 de junho. A concentração para a mobilização começou as 16 horas, no Parque Halfeld e seguiu em passeata pelas ruas do centro da cidade, dialogando com a população e entoando palavras de ordem.
Centenas de estudantes do IF-Sudeste e da Universidade Federal de Juiz de Fora caminharam quilômetros em marcha até o centro da cidade para compor o ato que contou ainda com cerca de 600 professores que participavam de uma assembleia durante a tarde. Para Elion Guimarães, professor da rede municipal, “nós temos que recuperar muita coisa, muitos direitos que parecem estar sendo perdidos com muita rapidez neste governo. Tivemos essa manifestação muito grande em Juiz de Fora, assim como em muitas outras cidades e precisamos preparar a greve geral do dia 14 de junho porque senão nós vamos ter perdas irreparáveis.”
Durante o dia Betão participou de uma assembleia com professores da rede privada e municipal, além e uma caminhada pelo centro de Juiz de Fora, mobilizando e convocando a categoria para o ato.
Em Belo Horizonte milhares de pessoas foram às ruas
Estudante do curso de eletromecânica do IF-Sudeste, Arthur Barbosa afirma que os cortes serão muito prejudiciais às atividades da instituição. “Tem muitos alunos que dependem de assistência estudantil, muitos estudantes que vem de fora e precisam de auxílio moradia e alimentação. E além disso, a gente vê uma precarização da instituição com esses cortes, prejudicando, por exemplo, os laboratórios que são tão importantes pra qualidade do ensino”, afirma.
“Estamos vivendo um pesadelo mas se não nós mobilizarmos, se não mostrarmos para eles que existe uma pressão popular, eles vão fazer o querem”, desabafa Alexandre de Alvarenga, professor da Faculdade de Comunicação da UFJF. “Esse tipo de mobilização é muito importante porque sentimos que não estamos sós diante de tanta revolta por de tudo que tem acontecido no país”, completa.
Em Belo Horizonte, estudantes de várias cidades da região se reuniram para protestar junto aos sindicatos e centrais trabalhistas. Apesar da chuva cerca de 250 mil pessoas ocuparam a região central em diferentes pontos de protestos. Em uma das várias marchas feitas pela cidade os jovens gritavam “não vai ter corte, vai ter luta” e “a nossa luta unificou é estudante juntos com trabalhador”. A manifestação contou também com atos na Universidade Federal de Minas Gerais que além dos cortes, tratou também da reforma da Previdência.
Marcos Vinícius Ferreira, foi um deles. Estudante de matemática da Universidade do Estado de Minas Gerais, ele conta que desde ano passado a situação é precária e com os cortes se tornou insustentável. “A Uemg já é uma universidade muito precarizada, no caso de Ibirité a universidade funciona dentro de uma fundação, e são eles que fornecem a manutenção para a gente. Nossa biblioteca falta muito livro, estamos falando de uma universidade de ensino superior que tem uma acervo de ensino médio”, relata lembrando que o crescimento do número de alunos, que foi de 6 mil (2013) para 20 mil (2019).
Quem também lamentou a precarização da educação em Minas Gerais foi Cátia Regina de Sá, que há quase três décadas atua como professora. Ela conta que já trabalhou na rede municipal, estadual e agora está integrando a equipe do Instituto Federal de Minas Gerais. Para ela, o Brasil vive o pior momento para a educação. “Nesses 25 anos como professora eu nunca vivi uma fase tão crítica como essa. Desde o final de 2015, eu venho acompanhando os cortes e os ataques à educação e fico muito triste com isso”, disse.
A professora disse ainda que essas medidas anunciadas pelo Ministério da Educação são intencionais e representam um “desmonte” da educação no país. “Esses cortes anunciados são graves e impactariam no pagamento de água, luz, dos terceirizados, das pessoas que fazem a limpeza e na manutenção. Hoje meu medo é que se os repasses não forem feitos, não teremos como receber os alunos e as atividades serão inviabilizadas”, relata.
Outra professora que se mostrou preocupada foi Fernanda Cimini, docente de Ciências Políticas da Universidade Federal de Minas Gerais. Cimini é direta e faz um alerta, “sem os recursos, a Universidade pode parar”, diz. A professora conta que a preocupação é também a longo prazo, tendo em vista a descontinuidade de alguns projetos. “Além dos cortes com despesas como luz, manutenção e terceirizados, vimos também os cortes nas bolsas, o que é um absurdo. Qualquer pesquisa depende de equipe, e qualquer equipe depende de remuneração. A gente não tem contrato, a gente não tem salário nas universidades, então cortar bolsas significa você cortar equipes, cortar projetos que estão em andamento. A situação é grave porque além de não poder contar com o apoio federal e agora também estadual”, explica.