Betão (PT) apresentou ofício para cobrar providências ao Estado; DEER afirma que governo não tem recurso para conclusão das obras
Um recorte de jornal mostra que o drama dos moradores da cidade de Mar de Espanha, na Zona da Mata, não é de hoje e já dura mais de 50 anos. A estrada que liga a cidade mineira à Sapucaia, no Rio de Janeiro, está há décadas sem a conclusão das obras de asfaltamento. Ao todo, são mais de 28 km marcados por buracos, pedras, valas, cascalhos e terra.
A dona de casa Ângela Aparecida Marques cresceu junto com o problema que para ela, piora a cada ano com aumento dos buracos e a degradação da estrada de chão. Hoje, com 52 anos de idade, ela conta que além de dificultar o acesso à cidade, a estrada espanta turistas, prejudica os agricultores da região e dificulta a saída dos moradores de Mar de Espanha para outras cidades. Mesmo vendo de perto o problema ela conta que não perde a esperança de que ele seja resolvido.
“Eu não perco a esperança, e espero que em breve esse problema seja resolvido. A estrada além de ter muitas curvas, é perigosa porque está com muitas valas e com diversos buracos. Eu, graças a Deus, nunca sofri um acidente lá mas temo que isso aconteça porque eu imagino a dificuldade que é para conseguir ser socorrida lá”, relata dizendo que usa frequentemente a estrada para visitar seu pai, que tem um sítio na região.
O mandato do Betão esteve presente em uma das reuniões dos moradores, escutando as histórias para depois cobrar do governo de Minas Gerais uma posição. Juntos, a comunidade local criou um grupo de whastapp para ir se informando sobre a situação do local e também cobrar providências das autoridades locais. Amanhã, terça-feira, será realizada uma reunião com o prefeito de Mar de Espanha para cobrar providências quanto a manutenção do local.
Preocupado com os riscos diários aos quais os moradores da região vem passando, Betão apresentou um ofício para a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) solicitando a liberação de recursos para conclusão do asfaltamento da Rodovia MG-126, no trecho entre os municípios de Mar de Espanha e Chiador. “É notória a importância econômica, cultural e turística da rodovia e por isso é urgente a necessidade da conclusão do asfaltamento. O que os moradores nos relataram é que o asfaltamento foi feito até determinado ponto, e que a falta da conclusão das obras prejudica toda a região”, disse Betão.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens de Minas Gerais (DEER-MG) informou que “o DEER/MG iniciou a execução de um projeto de engenharia para a pavimentação deste trecho em maio de 2014. Este projeto foi paralisado em outubro do mesmo ano, com 20% de execução”, confirmando que apesar de iniciadas as obras, boa parte do trecho não foi finalizado.
Ainda de acordo com o comunicado, não há previsão para a conclusão das obras. “Diante do atual cenário financeiro do Estado, não há previsão de retomada para o projeto. O DEER/MG aguarda a disponibilização de recursos para o início ou retomada de projetos e obras em Minas Gerais, que deverão seguir uma escala de priorização elaborada junto às Secretarias”, disse.
Falta de infraestrutura prejudica economia e turismo local
Localizado no “meio do caminho”, entre Mar de Espanha e Sapucaia, o produtor rural, Douglas Gomes Melgaço, da cidade de Chiador conta que a falta de um asfalto “decente” prejudica e muito o escoamento dos produtos. Em vez de dirigir por 10 km para levar a produção para cidades como o Rio de Janeiro, ele tem que dar uma volta por mais de 84 km. “Se não tiver uma estrada que me permita escoar meus produtos com segurança eu não tenho condições de garantir uma entrega com itens frescos e de qualidade”, diz.
Douglas refaz ainda a cronologia do problema que já afeta o turismo em épocas como o Carnaval, devido a falta de empresas de transporte que queiram atuar na região. “Esse problema não é de agora, começou em 1964. Na década de 90 falou-se que concluiria as obras, mas isso não aconteceu. Em 2000 havia um programa no governo que daria continuidade, mas também não vimos nada. Hoje, pelas fotos dá pra ver como tudo está abandonado, sem asfalto. Em abril deste ano o DEER disse que liberaria 30 mil reais para a manutenção da via. Ao todo, são cerca de 30 km, ou seja, seria R$ 1 por metro, o que não daria”, conclui.