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Moradores do Quilombo Campo Grande comemoram vitória contra o pedido de despejo

Decisão dos juízes deu mais tranquilidade para os mais de 2 mil moradores do assentamento

Após horas de angústia, Rosa Helena Gonçalves, moradora do Quilombo Campo Grande, na cidade de Campo do Meio, comemora a decisão contra o pedido de despejo do assentamento. Por três votos a zero, o juiz Luciano Pinto, junto com a turma de desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), decidiu a favor das 450 famílias que hoje ocupam o local.

Integrante do setor de educação do MST, Rosa conta que é uma das primeiras moradoras do assentamento. Ela relembra que quando chegou ao terreno o local ainda era uma indústria abandonada. “Quando chegamos lá ainda era uma área de escritório, que tinha uma pilha de cadeiras, documentos, livros e outros objetos”, rememora.

Hoje a memória triste tomou outro sentido, e ela junto aos moradores do local, se sente aliviada pela decisão do Tribunal. “Estamos todos felizes com a vitória”, disse. Rosa também fez questão de falar que a comemoração pela vitória foi em grande estilo, regada aos produtos direto do Quilombo Campo Grande.

Para Betão resultado de hoje é  reconhecimento da importância dos trabalhadores do campo e do assentamento. “São quase 500 famílias de trabalhadores rurais que agora poderão dormir e produzir tranquilamente após essa decisão”, afirma. 

Histórico

Tudo começou em 1994, quando a antiga Usina Ariadnópolis, administradas pela empresa Cápia faliu, deixando os trabalhadores desempregados e sem receber seus direitos. Em busca de ressarcimento das dívidas, algumas famílias ocuparam o local em 1998, dentro do perímetro das margens da represa de Furnas.

A partir daí o drama começou, com frequentes atos de violência e expulsão do acampamento. Há anos os moradores do local sofrem com o frequente risco de despejo.

Para Marcelo das Graças a decisão de hoje, mais que uma vitória é também um resgate da dignidade e da cultura de uma comunidade que se estruturou em meio a conflitos. “Eles alegam que lá não têm moradores, que somos todos baderneiros, ladrões e que ninguém planta nada, mas no nosso assentamento tem feijão, tem café, temos boi, abóbora, chuchu, milho, muitas coisas. Querem nos desmerecer, dizendo que somos baderneiros, mas entre a gente nós temos até agrônomos formado”, desabafa.

Hoje, o local conta com uma grande estrutura, composta por mais de 1.200 cabeças de gado, 418 casas de alvenaria, mais de 20 mil galinhas e 102 mil árvores.

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