Estudantes, sindicalistas e movimentos sociais disseram não aos cortes e à retirada de direitos e seguiram em marcha pela cidade dialogando com a população
Mais uma vez uma mobilização histórica de jovens e trabalhadores de diversas categorias lotou o centro de Juiz de Fora. O Dia Nacional de Mobilização, Paralisações e Greves contra a Reforma da Previdência e em Defesa da Educação levou milhares de pessoas às ruas da cidade em protesto contra as medidas de cortes e a retirada de direitos propostas pelo governo Bolsonaro.
“Já avisávamos desde 2016, há um golpe em curso no Brasil para retirar os direitos dos trabalhadores”, alertou Betão, que, presente ao ato fez questão de lembrar da importância das mobilizações populares contra a reforma da Previdência e cumprimentou a juventude que compareceu em grande número. “A juventude será triplamente atacada por essas propostas do desgoverno Bolsonaro. Primeiro com cortes na Educação e agora com o projeto Future-se, que chamamos de “Fatura-se”, porque pretende transformar as universidades públicas em organizações sociais que terão que captar recursos da iniciativa privada”, pontuou.
O deputado lembrou ainda que a reforma da Previdência atende unicamente aos interesses de uma elite. “Os deputados que votaram a favor da reforma de Bolsonaro estão votando como os banqueiros, os imperialistas, tudo isso em detrimento dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, destacou.
Segundo Amarildo Romanazzi, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juiz de Fora (SINSERPU), a aprovação em segundo turno do texto da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados não deve deixar a população desistir da luta. “Muitas pessoas se enganam ao pensar que após a aprovação da reforma na Câmara, os trabalhadores, estudantes e a sociedade organizada não iria para as ruas. Mas essa reforma é apenas a ponta do iceberg, as ‘maldades’ desse governo são inúmeras, e é preciso que nós estejamos nas ruas, mostrando a força da nossa luta”, enfatiza. Amarildo também lembrou que a presença massiva da juventude é de extrema importância para as mobilizações.
“Eu enxergo como importantíssima a unidade entre categorias de trabalhadores e estudantes contra esse governo reacionário que vem atacando todos os direitos da classe trabalhadora”, relata Péricles de Lima, diretor do Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (SINPRO-JF). Para Péricles, a mobilização da juventude é imprescindível para a luta de classes. “Não podemos abrir mão da juventude nas lutas porque é ela que tem todo o ânimo e todo o gás para levar a luta por mais tempo que o próprio trabalhador. A juventude nos estimula”, finaliza.
Cida Oliveira, representante da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) também lembrou que o enfrentamento nas ruas vem desde o golpe de 2016. “Muitos não acreditavam que havia um golpe em curso com o objetivo de retirar direitos da classe trabalhadora e o que estamos vendo é a tragédia colocada. Primeiro a reforma trabalhista de Temer e agora o aprofundamento dessa reforma por meio da Medida Provisória 881 proposta por Bolsonaro”, finaliza lembrando que há muita luta para ser feita, inclusive para barrar a reforma da Previdência no Senado e pela liberdade de Lula.
Watoira Antonio, presidente da CUT Regional Zona da Mata conta também que a CUT, junto a movimentos sociais e os sindicatos filiados, vem fazendo reuniões e discussões em bairros para alertar a população, não somente sobre a reforma da Previdência, mas sobre todas as medidas de retirada de direitos propostas pelo atual governo.
Já para Gabriel Lacerda, coordenador do DCE da UFJF, o ato desta terça-feira foi extremamente vitorioso. “Mesmo com pouco tempo para discussões devido ao início do semestre letivo, nós conseguimos mobilizar os estudantes para a atividade”, avalia. O estudante conta que a marcha que saiu da Universidade Federal de Juiz de Fora percorreu bairros da cidade conversando com a população sobre a importância da UFJF, sobre o projeto Future-se e sobre a reforma Previdência. “Percorremos os bairros com carro de som e puxando palavras de ordem e chegando ao Calçadão nos unimos à luta dos trabalhadores pensando que esse não será o último dia de enfrentamento e nós precisamos continuar a mobilização e o diálogo em atividades partidárias, em bairros, dentro da Universidade e em todos os espaços”, finaliza dizendo que é de extrema importância que esse diálogo continue acontecendo para que os próximos atos estejam ainda mais cheios.
Lula Livre também é entoado nos atos
Além dos cortes e dos ataques à classe trabalhadora, Betão também chamou atenção para a injusta prisão de Lula. “Prenderam o Lula para que ele não pudesse concorrer às eleições de 2018 e para que esse projeto de governo pudesse ser implantado. Portanto, todas as lutas que estamos fazendo devem estar vinculadas a luta pela liberdade de Luis Inácio Lula da Silva”, finalizou convocando a todos para que não saiam das ruas e continuem se mobilizando contra os desmandos do atual governo.
Watoira Antonio também acredita que a liberdade de Lula é um ponto fundamental de luta para a classe trabalhadora. “Não é a pessoa do Lula que está presa, somos todos nós, trabalhadores. Lula está preso injustamente porque o capital pretendia mostrar que era ele quem mandava, mas nós sabemos que é o contrário: é o povo na rua quem manda, é o povo quem elege os representantes e é o povo quem vai tirar Lula de lá”, desabafa.
Em Belo Horizonte a Praça da Assembleia recebe estudantes e trabalhadores que seguem em marcha em direção ao centro da cidade
Homens, mulheres, crianças e aposentados. Aos poucos, a concentração na Praça da Assembleia ia tomando corpo com diferentes pessoas reunidas em torno de duas grandes causas: protestar contra a reforma da Previdência e contra os cortes na educação.
“Estamos aqui em uma luta ampla pela classe trabalhadora. É um momento de insatisfação do trabalhador nos dois governos, federal e estadual. E essa insatisfação não é de hoje estamos falando que um ataque à classe trabalhadora que começou em 2016”, resumiu Sidnei Marquese, que exibe a sua camiseta feita em 2017 contra a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo então presidente Temer.
Ele completa ainda, “o caso de Minas Gerais é muito grave, por isso eu venho hoje protestar também contra o regime de recuperação fiscal proposto por Zema, que vai ‘pegar em cheio categorias como os professores, vai privatizar empresas como a Cemig, além de congelar salários, aumentar a alíquota de desconto dos profissionais e reduzir os salários”, afirma.
Já Denise Alves de Araújo, que há 14 anos atua como professora, conta que a situação da categoria é preocupante tanto na reforma da previdência quanto nos cortes anunciados. Ela conta que no local onde trabalha, a Escola de Educação Básica da Universidade Federal, a situação do contingenciamento já afeta o dia a dia dos alunos. “Temos só duas pessoas para limpar toda a escola, que hoje conta com cerca de 400 alunos. Isso já é um reflexo dos cortes e a nossa realidade é ter que se reorganizar para não faltarem materiais”, afirma contanto que caso a reforma da previdência seja aprovada, “viraremos seres humanos ‘inaposentáveis’. Eu tenho uma funcionária com 60 anos, que só contribuiu com 10, ou seja, dificilmente ela irá se aposentar”, lamenta.
Já Denise Alves de Araújo, que há 14 anos atua como professora, conta que a situação da categoria é preocupante tanto na reforma da previdência quanto nos cortes anunciados. Ela conta que no local onde trabalha, a Escola de Educação Básica da Universidade Federal, a situação do contingenciamento já afeta o dia a dia dos alunos. “Temos só duas pessoas para limpar toda a escola, que hoje conta com cerca de 400 alunos. Isso já é um reflexo dos cortes e a nossa realidade é ter que se reorganizar para não faltarem materiais”, afirma contanto que caso a reforma da previdência seja aprovada, “viraremos seres humanos ‘inaposentáveis’. Eu tenho uma funcionária com 60 anos, que só contribuiu com 10, ou seja, dificilmente ela irá se aposentar”, lamenta.
As amigas Júlia Alves e Helena Oliveira, ambas estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais fizeram questão de comparecer ao protesto e deixar seu recado. “O Futura-se é uma irresponsabilidade, porque a educação pública e gratuita tem que ser uma garantia para todos”, afirma Júlia. Já Helena complementa, “esse projeto vem de forma improvisada e traduz uma desresponsabilização do governo com relação às universidades federais”, finaliza.