População da cidade cobrou melhor infraestrutura para a linha férrea; empresa busca a renovação da concessão por mais 30 anos
A renovação da concessão da malha ferroviária administrada pela MRS Logística S/A, foi o tema da audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Matias Barbosa nessa segunda-feira (09/09). O deputado Betão, junto aos moradores, vereadores da cidade e representante da empresa, discutiram os impactos que a renovação do serviço poderá causar à população de Matias Barbosa e sas cidades vizinhas, a exemplo Juiz de Fora.
Em sua fala, Betão destacou a importância de se lutar contra a privatização das empresas em Minas Gerais, lembrando que a MRS, que tem a Vale como uma das principais acionistas, participou da privatização da malha ferroviária. Para o deputado, no atual momento de crise do Estado, privatizar é vender o que de melhor Minas Gerais tem, comprometendo os serviços prestados à população. “A privatização da malha ferroviária aconteceu no mesmo pacote que privatizou a Vale, por uma bagatela”, disse lembrando que a Vale é uma das principais acionistas da MRS. “É importante falar tudo isso em um momento que também discutimos a Lei Kandir, que há anos retira recursos do Estado de Minas Gerais no setor da educação”, explicou.
Durante a audiência, uma das questões levantadas foram as contrapartidas oferecidas pela empresa para a renovação do contrato por mais 30 anos. O vereador Marquinho (PT), um dos proponentes do encontrou pontuou, “Os incômodos são diversos, e em alguns bairros afastados, a passagem do trem acaba atrapalhando o trânsito de ambulâncias”, explica.
Um dos argumentos usados pela empresa MRS é que o valor de R$348 milhões pagos anualmente aos cofres da União passariam a ser aplicadas em obras estruturantes realizadas com a intenção de dirimir os impactos causados pela ferrovia como por exemplo, viadutos, mas até o momento nada foi realizado. Apesar do anúncio, a população ainda se queixa da falta de estrutura relacionada à linha férrea na cidade.
Infraestrutura e melhora dos serviços são demandas da população
Outro ponto levantado pelo vereador é a necessidade da volta do trem de passageiros, o famoso Xangai, “muitos trabalhadores saem de Matias para trabalhar em Juiz de Fora, a volta do trem de passageiros ajudaria a mobilidade urbana, além de incentivar o turismo”, reforça.
Já a vereadora Priscila Rocha (MDB), lembra que a cidade conta com cinco passagens de nível e que a segurança nestes trechos precisam ser reforçadas com sinais luminosos e sonoros, para que não hajam acidentes. Além disso, diz que “a poluição sonora é um problema, a buzina do trem acaba atrapalhando a vida das pessoas”.
Para o pastor Cláudio Marinho (60 anos), morador da cidade, o barulho e as passagens de nível em pontos estratégicos são os principais problemas. “A empresa precisa pensar formas do trem não passar em pontos estratégicos da cidade, o que acaba atrapalhando o trânsito. Talvez a solução seja a construção de viadutos para passar a linha e a cidade não parar toda vez que o trem passar”, analisa.
Outra moradora, Luiza Helena Espagnol, fez um alerta sobre a segurança no pontilhão que, segundo ela, “está em péssimas condições de segurança. O guarda-corpo não guarda nada”, alerta. Outra questão levantada foi sobre a manutenção feita no muro de contenção da Ponte do Arco e a falta de calçadas para o trânsito de pedestres, o que tem obrigado as pessoas a se arriscarem passando pela rua.
Betão lembrou da época em que usava o trem de passageiros para ir de Juiz de Fora até Belo Horizonte “A viagem durava cerca de sete horas, mas os trens eram muito bons, você ia dormindo. Já usei trem de passageiros para ir dar aulas e facilitava muito o trajeto”, finalizou.