Apesar do anúncio de desbloqueio de verbas feito pelo MEC hoje (30), entidades, estudantes e sindicatos votam às ruas para protestar contra a atual política de cortes na educação
48 horas de paralisação contra a atual gestão da educação no país. É essa a proposta de ação dos estudantes, entidades e movimentos pela Educação, Ciência e Tecnologia (C&T) em todo país. A ideia é unir esforços e sensibilizar toda a população para participar da Marcha da Ciência, em Brasília, em resposta aos desmandos do atual governo quanto ao setor. Em Juiz de Fora, os protestos serão puxados pelos estudantes que integram o Diretório Central dos Estudantes da UFJF.
Para Betão, o anúncio do desbloqueio de verbas feito em coletiva nesta segunda-feira pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, não muda a política de ataques e de cortes aplicados à pasta. Conforme anunciado hoje, “dos quase R$ 2 bilhões desbloqueados, 58% vão para universidades e institutos federais”, informou o ministro em coletiva.
“De medidas concretas do atual ministro só vemos ataques à educação e chantagens para a liberação de verbas. Não aceitaremos essa política de ataque e descontinuidade da educação no Brasil. A resposta está ai, uma nova mobilização nas ruas contra a gestão da educação no Brasil”, afirma Betão.
Em Juiz de Fora, a decisão de aderir à paralisação veio após assembleia realizada na última quinta-feira (26) com estudantes do DEC da UFJF. “Vamos parar em protesto à forma como o atual governo tem tratado a educação. Nessas 48 horas de paralisação estamos organizando atividades fora dos muros das instituições, como um aulão no Parque Halfeld antes da passeata. A ideia é mostrar ao cidadão as dificuldades que a educação vem enfrentando com os cortes”, explica Gabriel Lacerda , membro da coordenação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFJF .
Além da União Nacional dos Estudantes, entidades e movimentos pela Ciência e Tecnologia (C&T) de todo o Brasil se mobilizam em várias frentes em protesto contra os cortes e a descontinuidade de projetos e bolsas ligadas à pesquisa.
Em nota, a UNE convoca a todos para a mobilização. “É nesse sentido que convocamos a todos e todas, para que juntos, façamos uma paralisação de 48 horas nos dias 2 e 3 de outubro, organizando passeatas e atividades, além de brigadas da comunidade acadêmica que possam agregar a sociedade em geral e dialogar sobre as dificuldades que a universidade pública e os institutos federais enfrentam”, disse.
Relembre os cortes
No dia 30 de abril, o MEC anunciou o bloqueio de R$ 7,4 bilhões de despesas discricionárias. Cerca de um mês mais tarde, o valor foi revertido para R$ 5,8 bilhões, e permaneceu até a manhã de hoje. No total, continuam bloqueados R$ 3,8 bilhões, ou seja, 2,5% do orçamento total do MEC, que é de R$ 149,7 bilhões. Logo em seguida o MEC anunciou o congelamento de mais de 11 mil bolsas da pós-graduação. Para completar, o Ministério reduziu mais de 330 milhões do CNPq e, em setembro, 300 milhões da Capes.
Mesmo tendo sua qualidade reconhecida recentemente pela Capes, a UFJF será impactada fortemente em cerca de 75% dos programas de pós-graduação, com a confirmação da última medida de redução das bolsas. Apesar dos cortes, a gestão superior da UFJF remanejou do recursos da instituição a fim de pagar pelo menos as bolsas de iniciação científica (BIC/UFJF). “Nesse momento, a UFJF consegue, mais uma vez, priorizar suas atividades fim e destinar recursos que não estavam integralmente utilizados em outros projetos ou que sofreram alguma restrição em seu gasto, para garantir o ensino e a pesquisa de qualidade”, disse em nota.