Além de correspondência e produtos, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos está presente em todos os 5.570 municípios, sendo que em metade deles não existem bancos, e os moradores aposentados e com deficiência podem receber os benefícios pelas agências.
Os Correios ainda prestam um serviço social à população realizando entrega de vacinas, transporte de livros didáticos e de órgãos. Se for administrado pela iniciativa privada, como ficam estes serviços? Por que vender, visto que é uma empresa que não depende do dinheiro do governo, é autossuficiente, teve um lucro líquido de R$ 167 milhões em 2018 e assim atende o Brasil de norte a sul?
Nesta entrevista Reginaldo de Freitas, Diretor de Formação e Relações Sindicais do Sintect/JFA, alega que é preciso mobilizar a sociedade contra este projeto nefasto que é a privatização dos Correios.
A privatização pode melhorar os serviços dos Correios? Quais serviços são oferecidos?
Nós do sindicato temos argumentos para afirmar que a privatização não vai melhorar. Todas as empresas que foram privatizadas não deram certo. No mundo temos apenas 10 correios privatizados mas são em países pequenos, num país deste tamanho a privatização não vai funcionar.
Nós atendemos o país de Norte ao Sul e as empresas vão querer apenas as regiões que dão lucro. Além de correspondência e produtos, os Correios permitem a eficiência da logística do Enem, da entrega dos livros didáticos, e nas eleições estaduais e municipais só acontecem em tempo hábil pois as urnas são entregues em todo o país. Sem falar no transporte de órgãos que é feito gratuitamente.
Qual o impacto para os usuários?
Hoje os Correios está em todos os municípios brasileiros, então nosso objetivo é aproximar pessoas e diminuir distâncias. Como a privatização pressupõe lucro, a empresa só vai querer atuar nas regiões onde geram dinheiro. Acreditamos que os Correios é para servir a sociedade, então para as pessoas, principalmente as que moram no interior, o impacto da privatização será negativo porque vai encerrar serviços fundamentais. Temos que lembrar que nas cidades do interior as unidades dos Correios funcionam até como bancos não só com funções administrativas.
Como a sociedade está sendo mobilizada pela defesa desse patrimônio?
A orientação da nossa Federação é dialogar com a população e realizar audiências e tribunas livres contra este projeto nefasto e desgraçado que é a privatização. A população tem dado uma resposta positiva, já que os Correios prestam um serviço social. Além da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ao todo, realizamos 11 audiências públicas em municípios do estado, como Cataguases, Muriaé, Volta Grande e Rio Pomba. A próxima audiência será no dia 11 de dezembro na Câmara Municipal de Juiz de Fora.