Cooperativa Linhas de Minas tenta se reinventar e promove campanha virtual para manter vendas em tempos de crise do coronavírus
Um grupo de mulheres se reúne há dois anos em um belo casarão estilo colonial em São José dos Lopes, distrito de Lima Duarte – MG. Diante da pandemia do coronavírus, elas tiveram que parar de se encontrar, mas continuam a produção de artesanato feito à base de fibras de taboa e da folha de bananeira, com técnicas de bordado e crochê. Do casarão colonial o grupo agora passou para a vida digital para não deixar que o coronavírus freasse a produção e barrasse o trabalho.
“A ideia da cooperativa surgiu para juntar mulheres que muitas vezes ficavam apenas em casa, e que por meio do trabalho com o artesanato descobriram uma forma de melhorar de vida e gerar renda para sua família”, resume a coordenadora da Cooperativa, Letícia Nogueira Fonseca, que busca com as artesãs formas de se reinventar nesse momento da pandemia do coronavírus.
O grupo é formado por 15 mulheres e dois homens que integram a Cooperativa Linhas de Minas, que por meio da economia criativa vendem objetos decorativos e utilitários, como pufes, cestos, cachepôs, almofadas, entre outros.
Para esse grupo, as vendas online ainda são novidade, e mesmo com perfil nas redes sociais, as vendas pela internet não funcionavam tão bem quanto no ponto de venda feito em um casarão colonial, onde funciona o centro cultural Casa do Sol, mas em tempos de pandemia, essa será a opção mais segura para os produtores da região.
“Com o fechamento da casa e a pouca circulação de turistas, as vendas tiveram uma queda e resolvemos criar essa campanha virtual para auxiliar a associação nesse momento de crise”, disse a coordenadora, que teve ajuda de um projeto da faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora para conseguir usar a plataforma virtual.
Além de divulgar o trabalho, o site proporciona a opção de realizar uma doação para a associação sem recompensa ou escolher kits com valor promocional. Os produtos vão desde conjunto de jogo americano e paninhos bordados até cestos de trança de fibra de bananeira, em tamanhos diversos.
Confira o trabalho do grupo no site. www.kickante.com.br/campanhas/sua-solidariedade-incentivando-artesas-mineiras
Grupo trabalha na mobilização contra o coronavírus
Paralelo a isso, a Linhas de Minas recebeu encomenda da pousada de Lima Duarte para produzir máscaras para trabalhadores no campo, aqui da comunidade. “Além disso, com a doação de tecido de algodão que recebemos, pretendemos continuar produzindo máscaras para encaminhar aos moradores locais e, se tiver apoio para distribuição, gostaríamos de encaminhar para outros trabalhadores que estejam precisando”, disse Letícia.
A produção artesanal é um conhecimento passado por gerações e é importante resgatar esse valor mercadológico fazendo com que as pessoas continuem a produzir nos locais de origem. Segundo a professora Raquel Salgado “o tema da produção artesanal ganha destaque em uma sociedade pautada pelo consumo e pela produção em massa”, disse ela, que desenvolveu com a cooperativa uma experiência mútua de aprendizagem por meio de um projeto de extensão do curso de Design do CES/JF .
Casa do Sol pretende ampliar espaço com outros projetos
Numa tentativa de criar mais uma oportunidade de geração de renda para os pequenos comerciantes, a Casa do Sol também funciona como uma lanchonete e possui uma feirinha de comércio dos produtores locais, que vendem produtos como broa, biscoito e feijão. Desde 2019 o centro cultural promove ainda oficinas de informática e capoeira e conta com um núcleo de teatro, que já montaram três espetáculos.
Após a pandemia a ideia é transformar a Casa do Sol num centro cultural e tentar diversificar as atividades e trazer uma dinâmica para a comunidade São José dos Lopes. O objetivo é promover o espaço e conseguir patrocínio para projetos futuros na área cultural, como apresentações culturais, o sarau de poesia, a biblioteca e o cineclube.
Créditos das fotos do casarão e artesanato: Natália Guimarães