Prefeitura e Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 se reunirão nesta quinta-feira(30) para anúncio de novas diretrizes; Juiz de Fora sofre com falta de leitos públicos de UTI
Mesmo com a notícia de prováveis casos de contaminação em Juiz de Fora vindos do Rio de Janeiro, da necessidade da criação de novos leitos de UTI para atender a demanda de juizforanos e pacientes da região, além das denúncias da falta de EPI’s pelos trabalhadores da rede Fhemig, a cidade começa a discutir o processo de reabertura do comércio. Está prevista para esta quinta-feira (30/04), véspera do dia do Trabalhador, uma reunião da Prefeitura com Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19. Nas redes sociais, a PJF antecipou que a retomada do comércio será baseada nos protocolos anunciados pelo governo de Minas.
“É preocupante a postura do governo Zema com a Zona da Mata durante a pandemia. Hoje, mais uma vez, foram anunciados recursos e, para a região e o Hospital Regional João Penido, nada foi dito. Os casos de contaminação e de mortes em Minas estão aumentando e cidades como Juiz de Fora se preparam para discutir a reabertura do comércio com o aval do governo. Agora não é o momento de retomar as atividades. Esperamos que a posição da Prefeitura seja contrária à flexibilização, porque é a vida de trabalhadores e trabalhadoras que está em jogo. Vejam o caso de Blumenau, em Santa Catarina, que retomou o comércio e houve aumento de 160% do número de contaminações. O Estado tem que fazer seu papel e assistir a região com recursos”, afirma Betão.
O secretário estadual de Saúde classificou as seis mortes, os 139 casos confirmados e os 1.920 casos suspeitos na cidade como “poucos” afirmando que “Juiz de Fora, por enquanto, tem alguns poucos casos mais significativos”. Carlos informou que fez contato com o Ministério da Saúde e com o Secretário de Vigilância Sanitária para que haja um planejamento quanto às fronteiras. “É preciso ter solidariedade e se preciso, ajudar a atender os casos do Rio”, comentou.
Betão enfatiza que Juiz de Fora é uma cidade polo da macrorregião e recebe regularmente um número alto de pacientes de toda a Zona da Mata. “Há muitas cidades vizinhas que não possuem nenhuma infraestrutura para tratar os casos de Covid-19 e Juiz de Fora, que já atende aos seus mais de 600 mil habitantes, tem a obrigação de atender a esses pacientes. Como é possível pensar em flexibilizar o isolamento e reabrir o comércio se o número de casos aumenta de forma acelerada, é possível que haja enorme subnotificação e os leitos de UTI disponíveis são tão poucos?”, questiona.
Segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, até o dia 14 de abril, Juiz de Fora possuía 37 leitos de UTI na rede pública, mas 19 desses leitos estão em hospitais conveniados ao SUS, que recebem contrapartida compensatória para internação de pacientes. Os leitos em hospitais 100% públicos, então, caem para 18, 10 no Hospital Regional João Penido e 8 no Hospital Universitário (HU).
Com mais de 200 municípios com comércio flexibilizado, Zema hoje reforçou as ações do Minas Consciente anunciando, em coletiva de imprensa, mais R$ 645 milhões para a Saúde em medidas compensatórias vindas dos recursos das criminosas empresas Vale e Samarco. Mais uma vez a Zona da Mata, região com mais de 2 milhões de habitantes (IBGE), ficou de fora.
Estudos comprovam que flexibilizar e abrir o comércio não é a melhor saída
“Quando a quarentena parecer uma medida exagerada é porque ela foi feita na medida certa, quanto ela parecer uma medida certa é porque ela foi tardia”, afirma Cristina Alvim, representante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Universidade Federal de Minas Gerais.
Segundo ela, os estudos produzidos pela universidades em todo o mundo são categóricos quando afirmam que “a única medida preventiva é o isolamento”, explicando que uma pessoa infectada transmite para cerca de 3 pessoas.
Por isso, Cristina lembra que cidades como Juiz de Fora devem pensar na hora de aderir a flexibilização. “Manter o isolamento social é importante porque uma média de 15% a 20% das pessoas precisam de hospitalização, o que pode gerar sobrecarga no sistema de saúde e não há vacina nem medicamento comprovadamente eficaz até o momento”, reforça.
Servidores da Saúde em Juiz de Fora voltam a protestar contra a falta de equipamentos e as condições de trabalho
Na manhã de hoje, a representante da Subsede do Sind- Saúde em Juiz de Fora, Lenir Romani, voltou a acionar o mandato do Betão com mais denúncias sobre a falta de EPI’s e também sobre as condições dos trabalhadores durante a pandemia.
Mais uma vez, o secretário disse que destinou cerca de R$ 200 milhões para hospitais e prefeituras, mas a realidade local não reflete o repasse de recursos. “O Estado mandou R$ 200 milhões para hospitais e prefeituras, que não conseguiram comprar EPI’s. Estamos com estoque regulador dos equipamentos porque se a crise for extrema, e tudo virar um caos, temos que ter um estoque”, afirmou o Carlos Eduardo, sem explicar a matemática.
Sobre as denúncias da rede Fhemig, o secretário disse que “tem um plano de capacidade plena de até 300 leitos, mas que depende da chegada dos respiradores, o que ele considera “uma outra novela”. Apesar das declarações evasivas, Carlos finalizou afirmando que “o Estado deve coordenar e orientar, trazer controle, mais ciência e mais dados para tomar as decisões mais corretas”.
“Acreditamos que é esse o dever do Estado, o de fornecer condições aos municípios para o enfrentamento à pandemia, com segurança e garantia de renda para trabalhadores e trabalhadoras, e cobraremos continuamente que essas medidas sejam tomadas de forma a atender a toda a população das regiões mineiras”, finaliza Betão.