Subsede do Sind-Saúde em Juiz de Fora relata contingenciamento de EPIs nas alas com Covid-19 e falta de equipamentos nos demais setores, mesmo com o governo afirmando que investiu R$ 15 milhões na compra de equipamentos
O Governo de Minas Gerais terá que responder detalhadamente como está o fornecimento dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) no Hospital Regional João Penido e como está a situação dos trabalhadores do local durante a pandemia. A resposta é graças a aprovação do requerimento, apresentado pelo deputado estadual Betão, que desde o começo da pandemia, tem denunciado a situação dos trabalhadores da rede Fhemig em Juiz de Fora.
“Desde a primeira audiência pública na Assembleia, no dia 3 de abril, cobramos respostas porque esses trabalhadores estão expostos ao risco de contaminação e não podem esperar. Não adianta o governo falar que investiu milhões em EPIs, se os próprios servidores reclamam de contingenciamento e da falta de equipamentos de proteção”, explica Betão.
Diretora Regional da Subsede do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde), Lenir Romani vem relatando ao nosso mandato o quanto está complicada a situação. Para ela, falta detalhamento de como serão geridos esses equipamentos, além de uma melhor distribuição para outras alas onde podem haver casos de contaminação.
“É tudo novo para a gente, antes podíamos usar o capote de pano e dar banho em outros pacientes porque não havia risco da contaminação. Agora, cada paciente é único e, com isso, cada equipamento é individual e descartável. A pandemia mudou a nossa realidade e se antes já tínhamos problemas com a falta de EPIs, agora ela é gritante”, afirma.
Apesar do anúncio feito no dia 13 de maio na Assembleia de Minas, pelo próprio presidente da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Fábio Baccheretti, de que o Estado investiu R$ 15,4 milhões na compra de equipamentos, Lenir relata que em Juiz de Fora, a realidade de antes da pandemia não mudou muito e que falta um detalhamento, que do ponto de vista dela deveria ser público, mostrando a quantidade de EPIs direcionados ao local.
"Na ala que é 'porta de entrada' nós temos EPIs, mas em outras há falta. Há falta até de equipamentos como termômetro. Eu, por exemplo, uso em um paciente, esterilizo com álcool 70% e uso em outro, mas não sabemos se isso é realmente o suficiente. É tudo muito novo e precisamos de mais respaldo", reforçou.
A promessa do governo é que as compras são de 361.570 aventais, 852.012 máscaras cirúrgicas, 374.236 luvas descartáveis, 24.176 óculos e máscaras de proteção 434.683 máscaras N95.
Requerimento cobra mais transparência e empenho do governo quanto às entregas de EPIs
De acordo o texto, Betão cobra que seja encaminhado ao Secretário de Estado de Saúde pedido de informações sobre a real situação dos trabalhadores da Rede Fhemig – Hospital João Penido, em Juiz de Fora, diante das constantes denúncias do Sind-Saúde pelo não fornecimento de equipamentos de proteção individual.
No texto, o deputado também cita as constantes manifestações dos profissionais do hospital, que já realizaram algumas paralisações junto aos servidores do Samu, reivindicando equipamentos e melhores condições de trabalho e também denunciando a falta de equipamentos básicos.
O delegado sindical do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Juiz de Fora, Renato Zibordi, conta que a situação do Samu, onde trabalha como socorrista, não é diferente. Ainda não há falta de EPIs, mas o contingenciamento já preocupa os cerca de 600 de funcionários do consórcio que temem redução de salários ou até demissões por falta de recursos. Preocupados, eles se uniram e fizeram um ofício direcionado ao Governo de Minas relatando a situação. “Nós estamos em contato com todo tipo de paciente, porque fazemos o transporte de pacientes entre hospitais e atendemos vítimas, portanto precisamos de ter a certeza de que teremos EPIs e também a segurança quanto a manutenção dos nossos empregos”, explica.
No site da Fhemig há um arquivo chamado “Plano de Capacidade Plena Hospitalar em Resposta à Pandemia da Covid-19”, publicado no dia 25 de maio, que “explica” o plano de contingenciamento dos EPIs em Minas Gerais, mas sem detalhamento por hospital e sem um texto claro que explique as razões individualizadas do ato.
“Considerando que não há falta de EPI para os profissionais de saúde das Unidades Assistenciais da Rede FHEMIG e que a gestão destes tem sido rigorosa, como política institucional adotada para garantir o acesso de todos os servidores aos EPIs necessários em cada processo assistencial”, diz o texto.
O arquivo mostra ainda “o cenário atual de dificuldade de aquisição de EPIs sendo que esta dificuldade atinge todos os serviços de saúde, tanto no Brasil quanto em demais países, conforme amplamente divulgado em entrevistas e demais documentos oficiais”, aponta, contrariando o anúncio de investimento detalhado feito no dia 13 de maio, que falava da previsão de investimentos de R$15,4 milhões.