Campanha desenvolvida por alunas da pós-graduação do IF Sudeste tem ajudado os moradores das comunidades quilombolas, que já sentem o impacto da crise provocada pelo coronavírus
Motivadas pela situação precária das estradas e do escasso transporte público na zona rural de Santos Dumont, e agora pelo isolamento social causado pelo coronavírus, as alunas do Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste) realizam uma campanha para doação de alimentos à quatro comunidades rurais, que contam com cerca de 435 quilombolas.
“Já conseguimos 30 cestas para Cachoeirinha, a última comunidade a ser beneficiada. As outras três comunidades quilombolas já receberam as cestas e ao longo da campanha nós obtivemos um grande apoio da Fundação João XXIII (Barbacena), que realizou a doação para todos os moradores da Espírito Santo”, de acordo com a pedagoga Arícia Oliveira, que fez questão de detalhar os números das doações.
Toda a articulação foi feita pelos alunos da Pós-Graduação em Práticas Pedagógicas da Educação Contemporânea do IF Sudeste (Campus Santos Dumont), que coordenam a campanha e já beneficiaram as famílias de São Bento e Coruja. “Agora faltam apenas as cestas para completar a doação destinada às famílias de Cachoeirinha”, de acordo com Arícia, que comemora a ação.
A aluna da pós-graduação Suellen Pacheco, também bacharel em Bioquímica, acompanhou a entrega nas comunidades de São Bento e Corujas e disse que a campanha foi motivada quando souberam da situação do acesso difícil até essas comunidades, o que fez com que os alunos se motivassem a ajudar. A entrega contou com o apoio da Polícia Militar do Meio Ambiente.
“Estivemos nas duas comunidades e percebemos que elas sofrem muitas desigualdades sociais e não tem nem como se deslocar para comprar seus alimentos”, relatou Suellen.
Campanha é um alívio diante da crise gerada pela pandemia
Diante do caos criado pela Covid-19, a liderança comunitária de Cachoeirinha, Margarida Aparecida, diz que a realidade da comunidade está bastante difícil. Ela relata problemas ligados à estrada que está muito ruim e com o fato de algumas pessoas estarem desempregadas, sem acesso aos benefícios do governo e de não terem nem sinal de internet na comunidade.
“O momento é difícil para todos, mas com a pandemia está cada vez pior para o pessoal daqui. Teve gente que não conseguiu dar entrada nem no seguro desemprego. Além disso, com a falta de internet as mães agora estão preocupadas com as aulas remotas que voltaram na rede pública estadual, pois como não temos sinal, os alunos têm que subir o morro para assistir às aulas”, explica agradecendo a ação das doações e afirmando que será um diferencial.
Ela conta ainda que “o acesso até a comunidade continua precário e o transporte público diminuiu em função do coronavírus, dificultando o acesso das outras comunidades até o posto de saúde”, relata Aparecida.
Os quilombolas que precisam do primeiro atendimento médico na Unidade Básica de Saúde Vovó Chiquinha, localizada em Cachoeirinha, tem que se deslocar das comunidades de São Bento, Coruja (São Sebastião da Boa Vista ) e Espírito Santo.
A última localidade a ser beneficiada será Cachoeirinha, que possui cerca de 235 moradores da zona rural do município. No total a campanha já beneficiou 67 famílias de outras três comunidades de São Bento, Coruja (São Sebastião da Boa Vista ) e Espírito Santo.
O deputado Betão esteve no início do ano em visita à Cachoeirinha e conheceu de perto as dificuldade de acesso e outros problemas da comunidade. Em reunião com a associação de moradores ele sobre a destinação de uma ambulância via emenda parlamentar ao município de Santos Dumont para melhoria da qualidade da saúde pública do local.
De fato a situação precária da estrada impossibilita até que os moradores possam se deslocar com segurança para atendimento à saúde. As dificuldades enfrentadas pela comunidade são imensas e por isso, coloquei meu mandato à disposição, principalmente agora, durante a pandemia. Parabenizo a ação da campanha, porque sei o quanto é importante essa mobilização em ajuda à comunidade”, disse Betão.
COMO AJUDAR
Para cada cesta básica foi estipulado o valor de R$ 51,00 com os seguintes itens: arroz, feijão, açúcar, café, macarrão, molho de tomate, óleo, sal, fubá e leite.
Caso a pessoa queira doar outro valor, basta informar as alunas. Tudo pode ser feito por depósito ou transferência bancária.
Se o morador de Santo Dumont achar melhor doar itens ou uma cesta básica já montada, basta entrar em contato com as coordenadoras da campanha e alunas da pós-graduação do IF Sudeste, através de whatsapp ou pelo telefone.
Os contatos são:
Suellen Pacheco (37) 9 9119-7469
Arícia Oliveira (32) 9 9167-6684