Durante a reunião foi apresentado um manifesto de repúdio contra a reforma e a tática do medo imposta pelo governo Zema aos servidores públicos e também alinhado um dia de mobilização virtual contra a proposta junto às entidades
Cerca de 200 pessoas, de 40 cidades em diferentes regiões de Minas Gerais se reuniram na tarde de hoje, de forma remota, para unir esforços contra a reforma da Previdência de Zema. O encontro, promovido pelo mandato do deputado estadual Betão (PT), reforçou a luta do mandato em defesa dos servidores públicos contra a reforma da Previdência de Zema.
Durante a abertura do encontro, o deputado Betão lembrou da luta encampada ao longo da semana para que o assunto não fosse levado adiante, principalmente da forma como foi conduzido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
“O governo Zema mandou a reforma à Assembleia a no dia 19 de junho, em plena pandemia, porque a intenção deste governo é clara, ele que tentar aprovar não é só uma proposta de reforma Previdência, mas também uma reforma administrativa, que aumenta o tempo de contribuição e retira direitos conquistados”, explicou.
Para Betão, os seminários ocorridos na ALMG na última semana, não contemplaram na totalidade a forma como a discussão deve ser feita junto aos sindicatos, e por isso, mais do que nunca, reuniões como a que o mandato promoveu hoje são fundamentais. “Esse prazo maior que nós teremos agora para discutir a reforma será fundamental para os sindicatos de servidores de todas as categorias se organizarem contra essa “contrareforma”. Está claro, por parte do governo que há uma tentativa de retirar direitos dos servidores”, reforçou.
Jefferson Silva, coordenador-geral do Sindieletro da representante da CUT Minas afirma que agora a luta deve ser conjunta, não há distinção, há só uma classe: os trabalhadores.
“Estou aqui em solidariedade, somos celetistas mas a causa é uma só: enfrentar a conjuntura. Hoje o enfrentamento é da luta de classes, porque se tivéssemos barrado a reforma da Previdência (nacional) lá trás, não estaríamos discutindo a reforma daqui de Minas hoje. Se tivéssemos parado a PEC da morte não estaríamos discutindo a reforma trabalhista, nem terceirização, não estaríamos neste contexto. A compreensão agora deve ser macro porque é importante fazermos o enfrentamento”, disse.
Para Marco Couto, presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais de Minas Gerais (Sindfisco) a mensagem é clara. “O projeto desse governo é vender tudo, destruir tudo”. Para ele o entendimento é geral: a reforma não agradou a ninguém, e por isso esse discurso deve ecoar. “Ninguém é a favor da reforma e o pior, mandaram essa proposta em plena pandemia, quando a gente não tem acesso aos deputados e eu tenho medo que isso ande rápido agora no mês agosto”, disse reforçando a necessidade de todos se mobilizarem.
Fernando Melo da Associação dos Docentes da UEMG (Aduemg), afirma que o espaço dado pelo mandato é um diferencial. “Quando você abre um espaço como esse, você abre um espaço para mais de 1.300 professores, 22.500 alunos e mais de 600 servidores”, alertou.
Para Fernando, já que o governo gosta de contabilizar prejuízos econômicos, ele deveria mensurar o caos que causará com confisco do salários dos servidores. “Estamos monitorando prejuízos em pelo menos 17 cidades do interior, e teremos impactos com docentes em todos os níveis, porque a reforma diminuiu a capacidade de consumo das famílias e o ganho das empresas e toda a economia local”, frisou.
Para Neuza Freitas, diretora do Sindsaúde Minas Gerais, a reforma é um problema crônico de um governo que não enxerga a real necessidade dos trabalhadores, em especial os servidores públicos. Ela relata que hoje a classe sofre com a falta de materiais, com baixos salários e que a reforma seria ainda mais cruel para a categoria.
“Considero inconstitucional o governo mandar um “pacote” com uma reforma da Previdência, e com a reforma administrativa. Além de maldosa, é um projeto que mexe nos direitos e no bolso do trabalhador, justamente em um momento em que a ALMG deveria estar toda empenhada em combater a pandemia”, desabafa.
Já para Adriano Tostes Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (Sindsema), o governo, antes de mandar qualquer proposta que mexe com o orçamento, seja o seu ou dos salários dos servidores públicos, deveria ter apresentado um estudo mais detalhado, o que até o momento, não ocorreu.
“Existe uma auditoria que nos mostre os números que apontem esse déficit alegado pelo Estado? Não. Queremos saber o que foi feito com cada contribuição, e eu acho que o poder Legislativo deveria ter as informações de para onde foram esses recursos e poder cobrar do estado mais explicações. Defendemos que haja uma auditoria porque para os deputados, é impossível votar às escuras”, alega.
Valdir Batista, do Sindicato dos Oficiais de Justiça de Minas Gerais (Sindojus), a tentativa de retirada de direitos não é de hoje, ela vem pelo menos desde 2014, concretizada em 2016 com o golpe da ex-presidente Dilma e que por isso, essa mobilização feita pelo mandato é fundamental. O golpe contra a classe trabalhadora começou em 2016. Zema com essas propostas está nos condenando aos estresses, ao caixão. Ele quer é nos colocar com o pires na mão, na miséria e fechar os nossos sindicatos, retirando direitos como os quinquênios”, analisa.
Para Cida Oliveira, representante dos professores em Juiz de Fora, agora é hora de união e de discussão, mesmo que em modo remoto. Ela lembrou que o povo nas ruas barrou a proposta de Temer, e que agora, mesmo com os avanços do governo Bolsonaro contra a classe trabalhadora, Minas deve resistir. Ela citou ainda que Juiz de Fora passa também por um processo de discussão de reformas para os servidores públicos.
“No governo de Bolsanaro não conseguimos barrar a reforma e as consequências estão sendo vistas. Em Juiz de Fora, o Prefeito mandou também uma reforma, não tão cruel como a do Estado, mas que também teve que ser combatida pelos trabalhadores”, analisa.
Para Flávio Lúcio Vieira, toda essa história de falta de recurso é puro discurso neoliberal de Zema, e de acordo com o portal da transparência, o estado tem sim arrecadado a despeito da pandemia. Ele diz ainda que o “Estado tem condições de arcar com esses custos sem falar em reformas, sem penalizar os servidores, sem sacrificar. Temos que desmistificar pelo lado da arrecadação e da sonegação”, diz.
Manifesto e mobilização: para participantes mobilização tem que ganhar todas as frentes
Durante o encontro, o mandato do Betão apresentou um Manifesto Contra a Reforma da Previdência de Zema, iniciativa que teve adesão de 100% dos participantes. No texto, um chamamento para o combate à reforma e também o registro de protesto contra a tentativa de ataque e retirada brutal de direitos dos trabalhadores. Para Betão, agora é hora de nos fortalecermos em todos os formatos.
“Se essa for a forma como a gente vai ter que se reunir para fazer o enfrentamento é assim que nós vamos fazer. Eu tenho visto os sindicatos com dificuldades para se mobilizarem mas esse é o nosso espaço de enfrentamento agora e nós vamos precisar da ajuda uns dos outros para ir divulgando a nossa luta”, explicou Betão. Leia aqui o manifesto
Representando o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, Lucas Werneck fez um chamado. “Gostaria de convidar a todos a se unirem com o setor público, como uma única classe. A classe de servidores públicos de Minas Gerais. Só assim vamos conseguir barrar essa reforça” acredita.
Carlos Mário, diretor regional do Sintappi-MG é direto, “essa luta tem que ser intensificada, temos que ir às ruas, temos que intensificar, porque há um projeto de desmonte do Estado”, disse lembrando da importância da segurança contra a contaminação nos atos públicos.
Para Rosani Brito, do Sind-Ute Cataguases a mobilização deve ser intensa. “Nós temos feito uma ampla mobilização na mídia, indo nas rádios falar contra a reforma. A gente precisa buscar os deputados porque cada voto é importante. Temos que barrar essa reforma machista e preconceituosa, que acaba com a vida do servidor”, reforça.
Além do manifesto, haverá ainda, a definir, um dia virtual de mobilização das entidades contra a reforma de Zema com a adesão dos servidores, sindicatos e apoiadores da causa.