Escola Estadual Amélia de Castro Monteiro poderá ter suas atividades encerradas sem discussão com pais; alunos aguardam qual será o seu destino
Imagine trabalhar por 15 anos em uma escola como professora de educação física e, durante a pandemia, ficar sabendo que o Governo de Minas irá fechar o local e demolir o prédio com 67 anos de história. Foi essa a surpresa desagradável que a docente Solange Maria Vilaca tomou ao saber, ainda extra oficialmente, que em 2021 a Escola Estadual Amélia de Castro Monteiro, em Belo Horizonte, poderá deixar de existir. Preocupada, ela procurou o mandato do deputado Betão em busca de ajuda para saber quais são as intenções da Secretaria de Estado de Educação.
Segundo ela, as informações são alarmantes e a pior é que os pais e responsáveis sequer conseguiram achar o nome da escola para efetuar o rematrícula dos alunos do ensino médio. Com isso, cerca de 200 estudantes ainda não sabem ao certo qual será o seu destino no ano que vem.
Uma total falta de respeito. Um pai de aluno ficou sabendo da situação porque comentou com outro que não conseguiu fazer a rematrícula e quando fomos ver a escola não estava no cadastro. Porque não avisaram a gente até agora? O que vão fazer com os cerca de 200 alunos do ensino médio?”, lamentou.
Solange explica que hoje, os rumores dão conta de que a ideia do governo é que haja uma fusão com outra escola, onde atualmente funciona o Plug Minas, localizada no mesmo quarteirão da Escola Estadual Amélia de Castro. O problema, ainda de acordo com a professora é que o escopo de atividades do Plug Minas estariam ligados à cultura e artes o que “vai gerar uma mudança cultural muito drástica nos alunos”, admite Solange.
O deputado Betão, que vem acompanhando de perto o processo de fechamento das escolas em Minas Gerais, lamenta que o governo Zema tome decisões de forma arbitrária e apresentou inclusive um Projeto de Lei 621/2019, que proíbe o fechamento sem consulta da comunidade escolar, dos pais e responsáveis e corpo técnico (acesse aqui).
“O que Zema está fazendo é um desmonte da educação com o fechamento de turmas para uma tentativa de municipalização. Não podemos aceitar o fechamento de escolas e de turmas sem a consulta da comunidade. No ano passado, o tema foi destaque nas audiências públicas realizadas na Assembleia e como vice-presidente da Comissão de Educação vou lutar para que essa política de cortes desse governo acabe já”, afirma Betão que acompanhou de perto o caso do fechamento da escola rural, na cidade de Antônio Carlos
Comunidade escolar e mandato do Betão juntos na luta contra o fechamento
Em convocação, o diretor da Escola, Valdeci Clementino, chamou a comunidade escolar para uma reunião na próxima quinta-feira (03/12), para discutir o assunto. No texto, a pauta é “esclarecimentos, em caráter de urgência, sobre o processo de finalização da Escola Estadual Amélia de Castro Monteiro”.
Informações conflitantes, visto que a escola, recentemente, passou por um processo de licitação e estaria com a verba de R$ 400 mil para reformas e melhorias. Até então, mesmo com o cronograma com previsão para início das pinturas, o motivo do fechamento seria em tese para entrega do prédio à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese).
Na reunião, que contará com o apoio da assessoria do mandato, a ideia é registrar toda insatisfação e insegurança de pais, alunos, professores e profissionais que trabalham no local e então acionar a Secretaria de Estado de Educação, via Comissão de Educação da ALMG.
“Vamos cobrar uma explicação urgente do governo, porque essa instabilidade, que acontece em todo o estado, não pode e nem deve continuar. Coloquei meu mandato à disposição para junto com os pais, professores e alunos, fazermos esse enfrentamento”, finalizou Betão.
A representante comercial Maria Aparecida conta que a notícia do possível fechamento da escola veio “pesar”, um ano que ela acredita ser extremamente complicado para seu filho João Lucas, de 17 anos.
“Já é o último ano dele, aí tivemos a pandemia que teve um afastamento e agora essa notícia. Ficamos os dois muito chateados e ele me disse até que queria desistir de continuar na escola, mas eu disse que não”, conta falando que vai se organizar junto ao marido para estar presente na reunião de quinta-feira para entender melhor a situação e somar esforços à mobilização.