Grupo Muvuka, que atua com oficinas de percussão baiana, poderá usar o recurso para a compra de novos instrumentos e a pulverização das aulas para bairros da cidade
Em 2018, o músico juiz-forano Rick Guilhem recebeu do Olodum um convite para levar a cultura afro-mineira e os tambores de Minas à Bahia como palestrante no evento Novembro Negro daquele ano. Rick, que é formado pela Bituca, Universidade de Música Popular localizada na cidade de Barbacena e atualmente estudante de Composição Musical na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), regressou com uma ideia na cabeça: trazer o tambor afro-baiano para Minas, fazendo uma espécie de intercâmbio cultural, inicialmente com a ideia de criar um bloco de carnaval em 2019 e posteriormente criando uma célula do Grupo de Estudos de Música Afro-Brasileira (GEMAB). Essa célula era o Muvuka, projeto para o qual o mandato do deputado Betão apresentou emenda parlamentar no valor de R$ 100 mil para a compra de instrumentos musicais e ampliação da atuação do grupo na cidade. A emenda apresentada realocou recursos do orçamento público e será executada ao longo de 2021.
Com o nascimento do grupo, as oficinas começaram a ganhar vida, e uma delas começou a ser ministrada no bairro Borboleta, quando a escola de samba Mocidade Alegre cedeu sua quadra para as aulas gratuitas de percussão baiana. “Eu e a Mariana ministramos as aulas para jovens entre 16 e 25 anos, gratuitamente. Os instrumentos que usamos foram emprestados pela Mocidade Alegre e posteriormente eu mesmo tirei dinheiro do bolso para comprar mais 20 instrumentos de percussão”, conta o músico.
Mariana é Mariana Assis, percussionista também formada pela Bituca e estudante de Licenciatura em Música que ministra as oficinas junto a Rick. Ela, que é uma das fundadoras do Grupo de Estudos de Música Afro-Brasileira, conta que integra o Muvuka desde o início e passou a ser regente das oficinas em meados de 2019. “Esse recurso vem para movimentar os nossos projetos. Temos o objetivo de trabalhar também com grupos de dança afro, com artes visuais. Tudo isso estava se encaminhando antes da pandemia, inclusive os trabalhos com a comunidade do Borboleta, onde eu planejava um trabalho com crianças”, explica lembrando que enquanto a necessidade de isolamento social estiver vigente, o grupo se reinventa através das redes sociais e da criação de conteúdo voltado para a temática afro.
Para Henrique Araújo, um dos fundadores do GEMAB e integrante do Muvuka, o recebimento da emenda é muito importante por permitir que as atividades possam se expandir. “Além de expandir o Muvuka para mais alunos e para mais pessoas da comunidade, poderemos abrir parcerias para outros projetos de musicalização, expandindo o projeto na cidade como um todo, com outros parceiros que poderão utilizar esses instrumentos para ministrarem as suas oficinas”, destaca.
A ideia de procurar o mandato do deputado Betão para fomentar o projeto já vinha de 2019, quando o grupo começou a pensar em formas de levar as oficinas a mais pessoas e locais. “Nós queremos que esse projeto seja pulverizado, que possamos levar as oficinas para mais bairros de Juiz de Fora. Para isso, a compra de mais instrumentos é fundamental”, reforça Rick Guilhem que vê a possibilidade expandir as oficinas com a aquisição de instrumentos melódicos, como flautas, além dos de percussão e que ele e Mariana Assis como monitores no Colégio de Aplicação João XXIII, pretendem também levar esse aprendizado às crianças, com o projeto Muvukinha, através do programa “Arte em Trânsito” da UFJF.
O músico conta também que com a pandemia e a necessidade de isolamento social, ele teve que se reinventar como profissional. “Comecei a ministrar oficinas online, para que pudéssemos manter o Muvuka vivo. Passei a respirar esse projeto e a chegada desse recurso será fundamental para que nosso objetivo possa virar uma realidade”, finaliza destacando que o grupo também é beneficiário do edital da Lei Murilo Mendes e, assim que for possível, trará a Escola Olodum como convidada para estar na oficina do bairro Borboleta.
Betão, que sempre apostou no fomento à cultura como forma de transformação social, acredita que esse recurso será muito bem empregado. “É gratificante saber de um projeto tão positivo em nossa cidade. O Muvuka é um grupo que, além de disseminar a musicalização, tem o propósito de difundir a importância da cultura afro-brasileira. Quanto maior for a expansão e o alcance das oficinas, mais Juiz de Fora ganha no setor cultural”, enfatiza.