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Com perdas salariais superiores a 22% e retirada de direitos, trabalhadoras e trabalhadores da Copasa ouvem que projeto é “tornar a Companhia mais leve e enxuta”

Betão recebeu, durante audiência, denúncias de altos salários da diretoria, contratações irregulares, corte de benefícios e ausência de negociação do acordo coletivo por mais de mil dias

Trabalhadoras e trabalhadores da Copasa, representados pelo Sindágua ocuparam, hoje, a porta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais em protesto que antecipou a audiência pública realizada pela Comissão do Trabalho para discutir a atual situação da Companhia e dos servidores, que estão há mil dias sem negociação do acordo coletivo.

A discussão foi organizada pelo deputado estadual Betão (PT) e trouxe a tona várias denúncias como contratações irregulares, retirada de benefícios como a cesta básica, a divisão irregular de dividendos e a falta de negociação e cumprimento do acordo coletivo, medidas para forçar o projeto de privatização da Companhia presente em 690 dos 853 municípios mineiros.

“Tenho acompanhado de perto a situação dos trabalhadores da Copasa e é importante falar que essa situação é uma tentativa de desmonte escancarado da Companhia. Além de um lucro de R$ 16 milhões, o repasse feito aos acionistas pelo terceiro ano consecutivo só aumenta.

Enquanto isso, os 690 municípios mineiros ficam sem recursos para melhorar a presença e o serviço da Copasa e o trabalhador, esse fica sem reajuste salarial”, explicou Betão.

O presidente do Sindagua, Eduardo Pereira, fez uma entrega simbólica do seu contracheque ao deputado Betão e alertou para o sucateamento da empresa e a tentativa do governo Zema de vender um discurso de que o servidor da Copasa tem vários privilégios.

“Eu tenho um salário de R$ 2.800 e tem gente que ganha muito menos que eu. Nós trabalhadores somos, muitas vezes, vendidos como vilões da Copasa. Mas é importante falar que se tem alguém lucrando não somos nós, nem o povo mineiro, que a cada dia tem o serviço piorado e precarizado. A Copasa não quer negociar com a gente e não tem investido nos municípios e isso mostra a clara intenção de vender a estatal”, afirma.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Jairo Nogueira, alertou ainda que esse projeto de desmonte para a Copasa também acontece com a Cemig e outras estatais mineiras, projeto alavancado e alardeado por Zema.

“Estamos aqui para discutir quem está ganhando com esse projeto privatista instalado em Minas Gerais e se os trabalhadores estão em peso aqui, com certeza não são eles que estão ganhando. Importante falar que não é essa política que vai levar saneamento às favelas e aos bairros mais pobres em Minas Gerais”, reforçou.

Denúncias e a falta de diálogo reforça projeto de desmonte

Representando os trabalhadores da Copasa, Wagner Xavier, trouxe números que ilustram os desmandos ocorridos no governo Zema. Ele contou que, nos últimos anos, a Companhia deixou de investir R$ 555 milhões que poderiam ter chegado aos municípios mineiros em prestação de serviço. Mas que, em contrapartida, a diretoria da empresa tem feito “milagres” com o recurso dos mineiros.

“Eu não acreditava em milagres, mas vendo que a diretoria da Copasa tem feito eu vejo que existe. Uma empresa que teve um lucro de R$ 816 milhões, mas que fez um repasse aos acionistas de mais de R$ 1 bilhão. Isso sem contar que a diretoria aumentou seu salário em mais de 33%, chegando à R$ 19 mil. E se nada for feito, dia 19 de novembro, novos milagres vão acontecer com novos repasses de lucros”, alertou.

Alerta que também foi feito pelo representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fernando Duarte. “A opinião pública tem que tomar cuidado com esse discurso privatista que estão alardeando. Quem sai perdendo é o trabalhador e, no caso do acordo coletivo, além das perdas de benefícios, os trabalhadores tiveram, nos últimos anos, perdas salariais de 22%”, explicou.

 

Perdas que parecem não importar, segundo o representante da Copasa, Clovis Horta.  “Os trabalhadores da Copasa têm, sim, muitos benefícios. Muitos deles eu decidi não cortar mesmo com contexto da pandemia. Mas agora, com a Lei do Novo Marco Regulatório do Saneamento, a Copasa tem que se tornar uma empresa mais competitiva, mais leve e mais enxuta. Não é que a gente a trate como empresa privada, ela é uma empresa privada pra gente”, disse sob vaia dos trabalhadores que protestaram contra a afirmação de que há privilégios dentro da empresa.

Ao fim da audiência, Betão aprovou requerimentos cobrando informações sobre os cortes de benefícios dos trabalhadores, sobre a divisão dos lucros e sobre as denúncias apresentadas, hoje, pelos trabalhadores.

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