Há três anos a vida de mineiros e mineiras foi devastada pela lama de rejeitos tóxicos da mineração. O crime de Brumadinho fez do dia 25 de janeiro de 2019 uma data marcada pela dor, pela angústia, pelo desespero e pelo sofrimento. Foram 272 pessoas mortas. Trabalhadoras e trabalhadores arrastados durante a atividade laboral. Seis dessas vítimas, ainda hoje, não foram encontradas.
19 pessoas foram indiciadas. NENHUMA DELAS ESTÁ PRESA. Enquanto isso, famílias seguem soterradas pelo luto, pela incerteza, por fragmentos de uma vida interrompida pela ganância. Seguimos acompanhando o funcionamento de um modelo econômico indiferente à vida, indiferente à segurança de trabalhadoras, trabalhadores e de toda a população. Como explica Bárbara França, pós-doutora – Observatório das Metrópoles/UFMG.
“A cartilha neoliberal avança cada vez mais e, esse avanço, significa a retirada de direitos de trabalhadores, flexibilização das leis. Em crimes como este deveria haver um endurecimento maior na legislação e, aqui, a gente vê o contrário. É perverso. A sensação é a de que as empresas fazem calculo para ver o que dá menos prejuízo. Parece que elas agem vendo o que sai mais barato: arcar com os problemas dos crimes que reestruturar a planta da empresa, a logística, a forma de exploração. É ai que a atuação política precisa fazer sua inserção”.
Não dá! Não podemos permitir mais este tipo de situação. É preciso reestatizar a Vale. Temos que investir em segurança. Assegurar o que determina a legislação trabalhista. Corrigir as atrocidades que desgovernos impuseram à população. Isso inclui reverter as isenções fiscais dadas às mineradoras. Não faz sentido algum dar incentivo fiscal a quem devasta, mata e lucra com crimes trabalhistas e ambientais.
O crime de Brumadinho escancarou aquilo que sempre soubemos: aos governos (em sua maioria infelizmente) e aos empresários só interessa o dinheiro. Prova disso é que, três anos depois, ainda existem 122 barragens em estado crítico em 23 estados do Brasil.
Em Minas, 31 barragens estão em situação de emergência. No último período chuvoso, Brumadinho foi novamente devastada. Um dique da Vallourec transbordou entre a cidade e Nova Lima. A BR 040 foi interditada. Mais lama, mais sofrimento, mais desespero. Uma família foi soterrada dentro do carro. A chuva forte agravou o problema que a sanha pelo capital disparou. Um apetite voraz que marca o estado desde o nome: Minas Gerais.
Até quando? Até quando a exploração vai fazer vítimas? Até quando permaneceremos escravizados pelos interesses de uma parcela mínima dos donos do dinheiro?
“É tudo muito grave! Existem questões que vão desde a impunidade, que tem a ver com fazer os responsáveis pagarem, passando pelo prejuízo humano, ambiental, trabalhista até os danos culturais, de pertencimento, memória, hábitos dos atingidos. As populações perderam seu modo de vida. E a reparação, o dinheiro recebido pelo Estado, ao invés de contemplar os atingidos, vai seguir para investir no rodominério. Chega a ser surreal!” finaliza, Bárbara, referindo-se ao crime de Brumadinho.
Nossa luta e nosso empenho seguem no sentido de reverter esse processo de exploração criminosa. Precisamos estar atentos, vigilantes, combativos e lutando pelos nossos direitos. Exigimos punição para os criminosos, retirada dos incentivos fiscais. Queremos a reestatização da Vale. Seguimos na luta!