Inauguração é um símbolo de vitória e resistência acadêmica e comunitária em favor da biodiversidade
Na manhã desta sexta-feira, 12 de abril, o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora foi inaugurado e aberto para visitação de maneira pública, gratuita e de qualidade. A área, situada no bairro Santa Terezinha, abrange a Mata do Krambeck, um dos maiores remanescentes de floresta urbana (Mata Atlântica) do Brasil. São cerca de oitenta e três hectares de mata preservada dentro da cidade de Juiz de Fora, acessíveis agora à toda a população da cidade.
“Como morador, nascido e criado em Juiz de Fora, e também como geógrafo formado na Universidade, sei da importância de termos espaços como esses, de preservação, com galerias de artes, atividades públicas e gratuitas que valorizam o trabalho da UFJF, integram esse trabalho com a comunidade e contribuem para o desenvolvimento regional. Temos que agradecer e reconhecer o empenho dessa iniciativa”, disse Betão.
De acordo com o site da UFJF, o acesso liberado ao público tem cerca de dez hectares com trilhas, roteiros de visitação, lagos com decks, galerias de arte, bromeliário e orquidário com coleções botânicas. Bolsistas da Universidade estarão em pontos específicos do Jardim, orientando e informando sobre as espécies. Em visitas escolares, eles acompanharão os grupos.
“O Jardim é uma construção social legitimada por todos aqueles que fazem parte dela”, lembrou Ana Livia de Souza Coimbra, pró-reitora de extensão da UFJF. Ana Livia afirmou ainda que a relação do Jardim com a educação básica logo fará parte da experiência de três mil estudantes que até junho deste ano farão visitas guiadas já agendadas.
“Hoje é um dia festa!”, exclamou o diretor do Jardim Botânico Gustavo Soldati. O diretor lembrou o dia em que leu na imprensa local que “a única movimentação do local era a de um cachorro e um vigia”, destacando a luta que foi travada para que o Jardim fosse inaugurado. “O Jardim Botânico foi capaz de unir e colocar em contato uma série de curso e, mais importante ainda, entregar à população juiz-forana um espaço em que todas as atividades são públicas e gratuitas. O acesso a biodiversidade é um bem comum”, afirmou lembrando os recentes crimes ambientais “escorrem pelos nossos rios” e que a educação ambiental é também um ato político. “Aqui a universidade pública exerce com plenitude sua função: servir à sociedade o conhecimento produzido”, finalizou.
Para o reitor Marcus David, “através dos projetos de extensão, as universidades levam seus projetos para a comunidade e vice-versa. Em Juiz de Fora, esse trabalho “extensionista” se dá através de trabalhos em diversas áreas. O Jardim Botânico é mais um importante equipamento de ensino de pesquisa e extensão. É niversidade pública cumprindo sua função de forma fundamental. Um espaço como esse, além de permitir pesquisas, estabelece uma relação com a comunidade, unindo forças para enfrentar as políticas antipreservação ambiental que se instalam no atual governo.”
Nilza Bellin Gaudereto, presidente da Associação de Moradores do Bairro Santa Terezinha, pontuou a relação entre a comunidade e a Universidade e destacou que “nos últimos anos, como membro da comunidade local, venho acompanhando o empenho dos profissionais da Universidade. Estamos passando por um momento em que as verbas são restritas, diante do congelamento de gastos e de um governo federal que acena com descaso para as causas ambientais.”
O horário de funcionamento será as terças, quartas, quintas e domingo das 8h às 17h, com entrada permitida até às 16h30. O acesso é gratuito sem necessidade de agendamento prévio para visitas espontâneas. O local tem capacidade de receber cem visitantes por vez.