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UFJF define cortes de verbas para as universidades públicas como “extremamente grave”

Betão afirma que situação é preocupante porque afeta o andamento das pesquisas realizadas no campus e a atividade universitária de diversos alunos

Imagem: Leandro Mockdece

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se pronunciou no início da tarde desta sexta-feira (03) sobre o anúncio feito pelo Ministro da Educação Abraham Weintraub do bloqueio de 30% do orçamento das universidades federais no país admitindo ser “extremamente grave” a situação. Em nota, o Conselho Superior da UFJF confessou que “amanheceu perplexo no dia 30 de abril, diante da informação de que os recursos de três universidades federais (UFF, UFBA e UnB) estariam com cortes de 30% em seus orçamentos, assim como a própria UFJF estaria sob avaliação”.

Além do problema financeiro, o reitor da UFJF, Marcus David, questiona o viés político dos bloqueios. “A primeira declaração do Ministro era de uma vinculação desse corte orçamentário ligado as posições ideológicas de universidades. Isso é muito grave dentro da lógica de autonomia universitária. O governo não pode pensar em aparelhar a universidade. A universidade só é livre se ela tiver a possibilidade de livre pensar”, avalia.

O relato do Conselho Superior mostra ainda que a UFJF vem apresentando bons resultados  e por isso os cortes devem ser reavaliados. “A UFJF, em particular, tem 86% de seus cursos avaliados com conceito 4 ou 5 no Enade (entre 2015 e 2018) e conceito institucional 4 do Inep, atendendo, no ano passado, 19.829 alunos (eram 13.398 em 2013). Na pós-graduação, eram 23 os cursos de mestrado e nove de doutorado em 2009, sendo hoje, 10 anos depois, 46 cursos de mestrado e 25 de doutorado. Não foi apenas um crescimento quantitativo, mas também em aspectos qualitativos”, faz questão de pontuar.

Para Betão, o anúncio dos cortes é preocupante e já terá impacto imediato. “É extramente temeroso o que está sendo feito com a educação pública neste país. A PEC do teto de gastos com políticas públicas (PEC 95/2016) já vinha penalizando as universidades, que não podem de forma alguma perder ainda mais em seus orçamentos”, lembrou o deputado. Betão disse ainda que a medida anunciada por Bolsonaro “implica no enfraquecimento da produção de pesquisas e extensão”, afirma.

O reitor Marcus David confessa que “um corte de 30% no orçamento, de custeio e capital, compromete gravemente o funcionamento da Universidade, tanto no Campus de Juiz de Fora, quanto no de Governador Valadares. A dificuldade daqui para frente será manter a universidade funcionando com o mesmo padrão de qualidade com esse corte”.

Comunidade acadêmica teme que medida prejudique qualidade da universidade

Estudante do 3º período do curso de História da UFJF e membro do Diretório Central dos Estudantes, Gabriel Lacerda (18) avalia a situação como uma “chantagem” do governo. “Ele (Ministro) anuncia que esse corte de gastos existe e que as universidades que não cometerem o que ele chama de ‘balbúrdia’, vão ser premiadas com cortes menores. Isso é chantagem”, disse. Ainda de acordo com o estudante a ideia é que a categoria se organize para protestar contra a decisão, realizando assembleias em outras universidades do país. “Aqui na UFJF já temos um ato marcado para o dia 8″, complementou.

O cientista político e professor da UFJF, Paulo Roberto Figueira Leal, vai direto ao problema: “o corte de recursos das universidades federais caracteriza o governo Bolsonaro desde o início. Pelo que vemos, o presidente trata a educação como ‘inimiga’. Disse lembrando que há dias o presidente e o ministro da educação elogiaram uma aluna que expôs gravações da aula de uma docente em redes sociais. “É triste constatar que os docentes e as instituições de ensino são tratadas pelo governo como um inimigo interno a combater: trata-se de um retrocesso civilizatório inaceitável”, analisa.

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