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Moradores da Zona da Mata vem à Almg para cobrar a volta do serviço de urgência e emergência do Hospital João Penido

Impasse continua; fechamento da ala de urgência e emergência atinge cerca de 70 mil pessoas

Moradores de Juiz de Fora e região amanheceram em Belo Horizonte para cobrar a reabertura do atendimento de urgência e emergência do Hospital Regional João Penido. Fechado há 5 anos, a falta e os impactos da interrupção do serviço prestado à população de Juiz de Fora e cerca de outras 34 cidades, foi o tema da audiência de pública solicitada pelo deputado Betão à Comissão de Saúde.

“É uma total falta de compromisso com o cidadão um serviço tão importante como a urgência e emergência, uma porta de entrada para o João Penido continue sem ser oferecido. Se uma pessoa passa mal no Bairro Grama e precisa de atendimento urgente, ele tem que andar mais 20 Km para encontrar atendimento”, explica Betão.

Aparecida de Fátima, natural de Juiz de Fora, conta que a relação com o Hospital João Penido é afetiva e que a falta do serviço já impactou diretamente a sua vida por duas vezes. A primeira foi há 10 anos quando sua filha passou por complicações de saúde e ficou tetraplégica. A líder comunitária conta que foi no hospital que ela encontrou apoio e uma saída para a vida da filha, que para os médicos estava “desenganada”.

Tenho muito respeito pelos trabalhadores do hospital e também sei a importância que o serviço tem para a população. Há três anos também eu passei mal e se lá estivesse aberto eu não teria ‘pulado’ de hospital em hospital e teria gastado menos”, disse.

Durante a audiência, Betão apresentou requerimentos cobrando da Fhemig providência sobre o assunto, pediu também que seja realizada audiência pública em Juiz de Fora para discutir o impasse e que a Prefeitura apresente dados atuais sobre a situação. Também foi sugerido a criação de um grupo de trabalho para debater a viabilidade da reabertura da ala.

Desde 2014 usuários aguardam retorno do serviço

O hospital João Penido localizado no bairro Grama, em Juiz de fora, interrompeu os serviços de Urgência e Emergência ha cinco anos, em 10 abril de 2014. O motivo do fechamento da ala foi sob a alegação de que eram necessárias reformas no CTI para adequação de acordo com as exigências feitas pela vigilância sanitária. Com isso, foi feita a transferência dos leitos para o setor de urgência e emergência, suspendendo assim os serviços que antes eram prestados no local.

O problema para os usuários não para por aí, e o fato de não existir uma UPA no local agrava a situação do atendimento médico. Hoje, alguém passa mal depois das 17 horas, (horário que fecha as Unidades Básicas de Saúde (UBS) algumas pessoas são obrigadas a percorrer até 20 km para conseguir atendimento médico. Para alguns locais terem acesso ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o tempo de espera pode chegar até 1 hora.

O impasse não é de hoje e apesar de a Prefeitura ter se demonstrado interessada em resolver o problema e negociar com o órgão responsável pela administração do hospital, Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), a retomada do serviço não aconteceu. O motivo é que o valor de 150 mil mensais oferecidos pela prefeitura é bem menor que o pedido pela direção do hospital, que é de 1 milhão. Pelo divulgado, as negociações foram interrompidas e a Fhemig não apresentou uma nova contraproposta.

Hoje, o secretário-adjunto de saúde e representante da Prefeitura, Rodrigo Coelho de Almeida, admitiu que o serviço faz falta. “Existe um déficit e a prefeitura vem arcando com isso. Eu acredito que o Estado tem obrigação de apontar solução para um equipamento público como esse, que é estadual”, disse.

Gilson Lopes, Superintendente de Saúde da Região Juiz de Fora tenta justificar a situação. “Como representante do governo, porque falo pela superintendência, sabemos da importância sim do João Penido mas o governo está numa situação difícil e não consegue arcar com o local”, disse apesar dos protestos dos moradores.

Quem também apresentou números para tentar justificar a falta de solução quanto ao problema foi o diretor do Hospital João Penido Daniel Ortiz Miotto. Daniel, que também se apresentou como representante da Fhemig, admitiu a importância do local, mas disse que a obra de expansão poderia ter sido feita de outra forma, sem prejudicar os usuários e consequentemente não fechar a ala de urgência e emergência.

Hoje como diretor do local eu questiono a expansão feita que resultou no fechamento da ala. Se a Secretaria de Saúde estivesse aqui eu questionaria as obras porque eu acho que deveria ter sido de uma forma diferente, sem precisar fechar a ala de urgência e emergência. Sei da importância do serviço mas hoje o Estado já custeia cerca de 95% das despesas do hospital e eu não sei se ele cobriria mais esse serviço mensalmente”, afirma.

A audiência pública contou com a presença de alguns vereadores de Juiz de Fora como Marlon Siqueira, Júlio Obama Júnior, Kennedy Ribeiro, Vagner de Oliveira, Sargento Melo e Ana do Padre Frederico. Também estiveram presentes os vereadores de Goianá, Luiz Cláudio, Roberto Rodrigues, Derly Ribeiro, Geraldo Célio e Paulo Lopes de Toledo.

Moradores sofrem com o impasse

Segundo o presidente da Comissão de Moradores da Região Nordeste, José Roberto, o serviço é de extrema importância´e deve ser urgentemente retomado. Ele relata que o local contava com pediatras e clínicos 24 horas por dia, realizando cerca de 90 consultas diárias. Ele conta ainda que na época, a diretoria alegou que seria cedido um espaço para a ampliação de leitos de UTI, o que não ocorreu. “Sem a ala de urgência e emergência os usuários têm que andar muito para receber o atendimento. Pessoas que não tem como se deslocarem. É difícil porque sem assistência a gente tem que escolher até a hora de passar mal. Chega de conversa, queremos uma solução” , disse.

Também de Juiz de Fora, Rosineire Rodrigues conta que a situação está insustentável. “Faz muita falta como você sai de um bairro como Figueiras para ser atendido em outro local você tem que andar cerca de 20 km. Imagina uma pessoa sem condições e em estado grave andando tudo isso? Um absurdo”, reforça.

O morador de Goianá Ademir Bernardo faz um apelo. “A nossa esperança é que o deputado Betão, junto com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, possam reverter essa situação. Esse hospital não é só importante para Juiz de Fora, mas também para a Zona da Mata e minas Gerais. Por isso eu tenho fé que essa situação vai se resolver”, finaliza.

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