Empresa investiu somente R$ 269 milhões em 2020 e anuncia que restante será distribuído a acionistas; Betão se une ao Sindágua e requer explicações da direção da estatal
O deputado estadual Betão quer apresentar, de maneira urgente, ao povo mineiro, as contas feitas pela Copasa neste ano e para isso protocolou um requerimento para realização de audiência pública com objetivo de detalhar os investimentos e a distribuição de dividendos, além da política de endividamento da estatal.
O alerta sobre a necessidade da discussão junto à sociedade veio a partir de informações repassadas pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais, (Sindagua-MG) que tomou conhecimento de um estudo feito pela Copasa que apontava a “necessidade” de distribuição de dividendos extraordinários no total de mais de R$ 800 milhões entre acionistas e, em contrapartida, com a emissão de debêntures, no total de R$ 500 milhões, para viabilizar investimentos atrasados.
Essa decisão de repasse deverá ser oficializada em reunião no próximo dia 19 de novembro, durante a reunião do Conselho Fiscal e Administrativo da empresa.
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Para o deputado Betão, além da situação ser um erro, acaba por funcionar como um facilitador para o projeto do governador de desmonte e sucateamento para posterior privatização da estatal. Betão alega ainda que como estatal e bem público, essas decisões devem ser melhor divulgadas para a população.
“Não é correto que a Copasa divida o maior montante com os acionistas e que pegue ‘empréstimos’ para realizar investimentos para melhorias. Precisamos que a direção da empresa explique, e nada melhor que uma audiência pública para que isso seja feito”, disse Betão.
O deputado lembrou da importância da estatal que desde o começo da gestão Zema está sob ameaça de privatização mas que hoje presta atendimento a 5,4 milhões de consumidores, com lucro líquido de R$ 240,5 milhões no terceiro trimestre, conforme balanço da própria Copasa.
“Quem pagará a conta, mais uma vez serão os mineiros que ficarão sem recursos para investimentos e com uma empresa sem financiamento. O que Zema pretende é fazer o povo achar que a Copasa não é uma empresa que presta um bom serviço e por isso o dinheiro está sendo retirado do investimento para repassar para os acionistas. Nós vamos mostrar tudo isso na audiência pública para as pessoas entenderem esse plano de desmonte”, reforça Betão.
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Vale informar que esse valor é 24,4% maior do que o do ano passado e que a Copasa deixou de investir para dividir os lucros entre os acionistas. “O plano de investimento da Copasa para 2020 é de R$ 853 milhões. Até agora, nos três primeiros trimestres a Copasa conseguiu investir apenas R$ 269 milhões. Isso significa que será muito difícil ela conseguir investir uma média de R$5 00 milhões ainda neste ano, valor que será distribuído para os acionistas”, afirma Eduardo Pereira, presidente do Sindagua.
Eduardo explica ainda que essa iniciativa do governo Zema é estratégica. “O lucro dos acionistas aumenta e os serviços, sem recursos para manutenção, pioram. Aí o povo fica sem acesso a água, ao serviço de esgoto e ao atendimento de qualidade, acreditando na piora da Copasa. É um desmonte estratégico”, finaliza.