Moradores tiveram suas casas demolidas sob um processo arbitrário conduzido sem aval da Justiça; representante jurídica da prefeitura afirma que houve aviso sobre “irregularidade”
Quem também se queixou do excesso e da arbitrariedade tanto da Prefeitura quanto da Guarda Municipal, que demoliu as casas sem mandado e sem nenhum outro tipo de respaldo da Justiça, foi a moradora Lidiane Aparecida. “Nós estamos lá não é porque nós queremos invadir, não. Estamos lá porque precisamos. Precisamos de uma moradia digna para viver”, afirma
Para o deputado estadual Betão, há um processo de negligenciamento das ocupações em Minas, que agora na pandemia não deixaram de protestar e de lutar por direitos básicos. “Não podemos achar normal a Prefeitura demolir as casas e achar que o problema está resolvido. Demolição feita sem ordem judicial, em plena pandemia, e em um momento em que o Estado vive um problema de déficit habitacional de cerca de 557 mil casas. A realidade da Ocupação Vitória é a realidade de milhares de ocupações irregulares no Brasil e demolir não vai resolver o problema”, afirma.
Apesar de falar que tomou conhecimento das ações por meio da mídia e que o processo está totalmente “equivocado”, a advogada que representa o município, Ednalva Letícia, disse que ao longo de um ano foram feitas visitas ao local para “orientar” os moradores, e que toda a população da ocupação passou por cadastramento. “O que se combate ali não é o direito à moradia, é a ocupação desregrada e o crescimento das ocupações”, disse se referindo às demolições e afirmando também que “já havia sido feita uma orientação de que a ocupação era irregular”.
Por último, a advogada afirmou ainda, em nome da Prefeitura de Diamantina que “está buscando soluções”, mas não disse quais medidas serão tomadas, como por exemplo, políticas habitacionais para realocação desse moradores ou concessão de títulos de regularização.