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Jovens de Juiz de Fora ganham II SLAM Interescolar Nacional

Estudantes encontram na batalha poética uma alternativa concreta para expressar a resistência e a dor vividas no dia a dia

“Nas quebradas” da vida e para o orgulho da família, dois jovens de Juiz de Fora viram na poesia uma alternativa para mudar o rumo das suas vidas e fizeram da arte um troféu, vencendo o II SLAM Interescolar Nacional, neste final de semana, na Praça São Miguel, em São Paulo. O slam é um campeonato em formato de sarau ou batalha poética.

Uma das vencedoras da modalidade Ensino Fundamental é Júlia Gomes (14), mais conhecida como Medusa. Assim como o apelido, a jovem também tem traços marcantes na sua poesia: “o alvo é sempre a pele preta”. A história dela e de Wanderson Souza se cruzaram na poesia dentro da Escola Estadual Delfim Moreira, em Juiz de Fora e de lá ganharam as ruas de São Paulo.

Tudo que Medusa faz na vida é expressa na poesia. A arte dela é o orgulho da família, cuja mãe e os avós sempre lutaram como ambulantes para que ela tivesse acesso a tudo que ela tem hoje.

“A minha poesia faz uma crítica social, não apenas de política, mas da resistência, e daquilo que fere meu povo. Se a gente não for por nós mesmo ninguém vai ser. Falo ainda sobre a união que devemos ter para mudar, o que podemos fazer para reverter a situação do país que vivemos”, disse.

Wandin (17) como é conhecido nas batalhas de poesia, superou outros estudantes de Ensino Médio de quatro estados diferentes (SP, RJ, ES, MS) no II SLAM. Na vida foi um pouco diferente, após perder pessoas ao longo da caminhada e ter que morar em um abrigo, ele não desistiu e traduziu toda a sua mágoa em poesia.

“Eu gosto de falar no olho do outro para transmitir o que eu sinto e falo de coisas da favela, do lugar onde vivi, que outros não tem coragem de falar. Eu leio sobre o assunto, porque abordo também temas nacionais, mas na hora de fazer a poesia tem que ser criativo e ter verdade também”, desabafa.

Vitória é fruto de muito esforço

Como tudo na vida desses jovens, as duas conquistas foram árduas e levaram um ano para acontecer. O resultado veio após concorrerem com 23 escolas em Juiz de Fora e logo após ganharem de outros alunos de dois municípios, Ipatinga e Viçosa, na fase estadual.

Após vencerem as duas etapas os alunos conseguiram o apoio necessário, como do mandato do Betão, para chegar à São Paulo. O mandato do Betão também contribuiu , neste mês, com as caravanas para formação em escolas de comunidade tradicionais e participou da reestruturação do Coletivo Municipal de Combate ao Racismo em Juiz de Fora.

“Há uma dívida histórica com o povo negro. No mês que marca a consciência negra o nosso papel é o de incentivar jovens como a Medusa e o Wanderson, que viram na arte uma forma de protesto e de luta por uma reparação histórica”, disse Betão.

Para o deputado é necessário lembrar a resistência negra em todos os contextos. Betão relembrou ainda que há poucos dias a Comissão de Educação discutiu a importância da metodologia das escolas quilombolas em Minas Gerais.

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